Rússia/Partido de Putin reclama
vitória nas legislativas , oposição denuncia fraudes
Bissau, 21 Set
21 (ANG) – A 'Rússia Unida', a formação do presidente Putin, saiu vencedora com
um pouco mais de 49% dos sufrágios nas legislativas que decorreram até ontem na
Rússia, de acordo com resultados preliminares baseados na contagem de mais de
95 por ecento dos votos.
O Kremlin considerou que estas eleições
decorreram de forma transparente. Já a oposição denuncia fraudes e a União
Europeia fala em "clima de intimidação" durante este processo.
A Presidente da Comissão Eleitoral, Ella
Pamfilova, confirmou que o partido 'Rússia Unida' conquistou mais de dois
terços dos assentos na câmara baixa do Parlamento, a Duma, ou seja, a formação
no poder recolheu mais de 300 dos 450 assentos parlamentares, o que é
suficiente para rever a Constituição.
Ao saudar a “transparência e
probidade” destas eleições, o porta-voz do Kremlin,
Dmitry Peskov, considerou que partido no poder “cumpriu a sua missão”.
Nestas eleições em que o partido de
Vladimir Putin não chegou contudo aos mais de 54% dos votos alcançados nas
anteriores eleições, em 2016, a oposição que apela a manifestações denunciou
fraudes massivas, nomeadamente a falsificação da votação online e a exclusão de
observadores eleitorais, acusações logo desmentidas pela CNE.
Perante esta situação, Berlim pediu que
estas suspeitas sejam esclarecidas, enquanto a União Europeia denunciava um
clima de "intimidação".
No mesmo sentido, Washington considerou
que os russos foram "impedidos de exercer os seus direitos
civis". Em comunicado, o porta-voz da diplomacia dos EUA, Ned
Price, afirmou que "as eleições parlamentares de 17 a 19 de
Setembro na Federação Russa foram realizadas em condições que não favoreciam
procedimentos livres e justos".
Também na óptica de José Milhazes,
jornalista que foi durante largos anos correspondente da RFI em Moscovo, "as eleições
começaram a correr de forma não democrática ainda antes de começarem. Houve da
parte do Kremlin uma filtração de candidatos. Ou seja os candidatos ligados à
oposição extraparlamentar, nomeadamente ligada a Alexeï Navalny ou pessoas que
tivessem participado em iniciativas organizadas por Alexeï Navalny, ficaram
proibidas de se poder candidatar”.
Milhazes acrescentou que para além disto, mesmo as listas dos partidos
obedientes ao Kremlin foram alvo de purgas, nomeadamente o Partido Comunista.
“O Kremlin tirou alguns dos candidatos comunistas das eleições. Logo,
mutilou a democracia no acto eleitoral. Depois é aquilo que nós sabemos, os
funcionários públicos a serem obrigados a votar. Um exemplo muito concreto, nas
forças armadas, a afluência às urnas foi de 99, 8%. Ou seja, é duvidoso que
exista tão grande afluência às urnas numas eleições. Além disso também, houve
compras de votos, houve sorteios para quem participou na votação e outro tipo
de esquemas que fazem com que dificilmente se possa considerar estas eleições
umas eleições democráticas",
acrescentou ainda o jornalista que continua a seguir de perto a actualidade
russa.
Para além da 'Rússia Unida' e do Partido Comunista, em segundo lugar com um pouco mais de 19% dos votos, três outros partidos, todos eles considerados compatíveis com a linha seguida pelo poder, conseguiram transpor o patamar mínimo dos 5% para serem representados no parlamento: os nacionalistas do LDPR com 7,53% dos votos, os centristas da 'Rússia Justa' com 7,34% dos sufrágios e o recém-criado partido da 'Nova Gente' com 5,31% dos votos. ANG/RFI
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