CPLP/Presidente da
República nega que Guiné-Bissau tenha proposto São Tomé e Príncipe para
presidência da organização
Bissau, 04 Out 21 (ANG) – O Presidente da República, Umaro Sissoco Embalo, negou no domingo, que o seu país tenha proposto que São Tomé e Príncipe assumisse a presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), afirmando que ainda tem reservas quanto a este tema.
“Eu vi declarações
veiculadas que não correspondem à verdade”, afirmou no domingo o Presidente da
Guiné Bissau, Umaro Sissoco Embaló, no aeroporto de São Tomé, antes de partir
para a Guiné-Bissau, depois de assistir a posse do novo chefe de Estado de São
Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova.
“A posição da Guiné-Bissau é
dizer que é o povo são-tomense que tem que decidir se quer ou não [assumir a
presidência da CPLP]. Não é a imposição de um outro país”, disse o chefe de
Estado guineense.
O presidente da Guiné Bissau
acrescentou que falou na sexta-feira com um representante do Brasil e que “a
posição deles também é de reserva” em relação à decisão se “São Tomé deve ou
não assumir [a Presidência da CPLP] porque há regras, há problemas das quotas e
outros”.
Contudo, Sissoco Embaló não
indicou o interlocutor do Brasil com quem conversou.
“De qualquer das formas, eu
sou amigo do povo são-tomense e eu não estarei para impor”, disse Sissoco
Embalo, assegurando que não vai permitir “impor a São Tomé e Príncipe o que ele
não quer, porque São Tomé é um povo irmão, um povo amigo”.
“Agora, se há países que
pensam que por trás de São Tomé podem atingir os outros países, não. Isso não
se vai passar na CPLP”, declarou o Presidente guineense.
Questionado pela imprensa sobre
se deveria ser a Guiné-Bissau a assumir a presidência rotativa da CPLP em 2023,
Sissoco Embaló disse que a “Guiné-Bissau já organizou e tem condições para
organizar” outra presidência, acrescentando que o país “pagou as quotas e tem
tudo em dia”.
Sissoco Embaló destacou que
para “essa questão de presidência é [preciso] consenso”.
“Ser presidente em exercício
da CPLP não implica impor os outros países, não. E, sobretudo, a Guiné-Bissau
de hoje não é a Guiné Bissau de ontem. Nós não aceitamos a imposição. Tem que
ser consenso de base e respeito mútuo”, afirmou o Presidente guineense.
“Temos o mesmo direito como
Portugal, Brasil, São Tomé, Cabo Verde e todos os outros países membros da
CPLP”, disse.
O chefe de Estado da
Guiné-Bissau frisou ainda que “não corresponde à verdade a informação que foi
veiculada de que a ministra de Estado e dos Negócios Estrangeiros [Suzi
Barbosa] disse que a Guiné-Bissau ia (…) não, não, não, isso não corresponde à
verdade”.
O Presidente guineense disse
que deu “orientação à ministra para dizer que a Guiné-Bissau não podia, de
maneira nenhuma, criar mal-estar no seio da CPLP, mas também não admitiria que
alguém pensa que é mais importante ou tem mais peso na CPLP”.
“Não há Estados pequenos” na
CPLP, precisou, acrescentando que o “Brasil também acompanhou esta estratégia”.
Em 24 de setembro, o
ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal, Augusto Santos Silva,
declarou como uma “boa notícia” o “acordo” que se obteve durante uma reunião
informal de ministros da CPLP, em Nova Iorque, de que a presidência da
organização lusófona ficará a cargo de São Tomé e Príncipe, após o mandato
atual de Angola.
De acordo com Santos Silva,
a proposta partiu da Guiné-Bissau, que também se tinha mostrado interessada em
assumir a presidência.
“Não só não houve nenhuma
disputa, como houve este gesto de enorme significado que foi ser a Guiné-Bissau
a propor a solução que validámos”, sublinhou o ministro português, em
entrevista telefónica à Lusa.
No mesmo dia, também o
secretário executivo da organização, Zacarias da Costa, declarou à Lusa, por
telefone, que o Presidente guineense, Sissoco Embaló, “deixou uma mensagem
clara, através da ministra dos Negócios Estrangeiros, Suzi Barbosa, de que
veriam com bons olhos que São Tomé assumisse a presidência e depois, então,
seria Guiné-Bissau”.
Na conferência de chefes de
Estado e de Governo da CPLP, realizada em julho em Luanda, a decisão sobre a
próxima presidência da CPLP foi adiada, com o argumento de que estavam em curso
eleições presidenciais em São Tomé e Príncipe.
Após o ato eleitoral, disse
Zacarias da Costa, o próprio Presidente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila
Nova, manifestou “vontade de São Tomé poder assumir a presidência rotativa da
CPLP em 2023 – 2025”.ANG/Lusa
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