Conferência dos Oceanos/ONU espera "compromissos firmes e acções concretas"
Bissau, 27 Jun 22 (ANG) - O subsecretário-geral das Nações Unidas (ONU) para Assuntos Jurídicos, Miguel de Serpa Soares, espera que da Conferência dos Oceanos em Lisboa saia uma "declaração robusta" sobre as questões oceânicas, com os Estados a traçarem "compromissos firmes" e "acções concretas".
Em entrevista à agência Lusa, na sede da ONU em Nova Iorque,
Miguel de Serpa Soares, que é também conselheiro jurídico e assessor especial
dos presidentes da Conferência dos Oceanos (Quénia e Portugal), disse esperar
que também a sociedade civil se envolva em compromissos face à
questões oceânicas.
"Um óptimo
resultado seria uma declaração robusta e que traga muita visibilidade a esta
questão dos Oceanos, porque nós estamos num momento em que os Oceanos, pela sua
ligação à matéria das alterações climáticas, por tudo aquilo que
representam em termos de sustentabilidade de ecossistemas e económica e social,
é preciso focar a nossa atenção nessa questão e, infelizmente, isso não tem
sido feito até ao momento", disse.
Portanto, "um bom
resultado seria compromissos firmes, com acções concretas sobre medidas que os
Estados devem tomar, mas também além dos Estados: a sociedade civil,
organizações de juventude, organizações não-governamentais, academias,
científicos ... um novo olhar sobre as questões do mar e um chamamento a uma
acção mais enérgica para tratar destes problemas", acrescentou o jurista
português.
Nomeado para o cargo de
subsecretário-geral para Assuntos Jurídicos em 2013 por Ban Ki-moon, Miguel de
Serpa Soares desempenha funções que vão além das matérias dos Oceanos,
prestando aconselhamento jurídico não só ao secretário-geral, António Guterres,
mas a todos os diferentes departamentos, em quaisquer áreas de direito
internacional, incluindo o Direito do Mar e as matérias dos Oceanos.
Em relação ao trabalho
que desempenha em prol da Conferência dos Oceanos de 2022, que decorrerá entre
27 de Junho e 01 de Julho em Lisboa, e que é co-organizada por Portugal e pelo
Quénia, Serpa Soares explicou que dará aconselhamento nas matérias mais
técnicas e jurídicas que possam ser discutidas na capital portuguesa.
De acordo com o
conselheiro jurídico, a conferência vai centrar-se nos Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável, em particular nos referentes aos Oceanos.
"Na Agenda 2030, os
Estados-membros decidiram adoptar um objectivo específico para os Oceanos, o
que muito nos alegrou, e vamos concentrar-nos em Lisboa. É a segunda
Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (...) e esperemos que seja
bastante produtiva", declarou.
Este ano celebra-se o
40.º aniversário da Grande Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar.
Questionado sobre se são necessários mais instrumentos legais para uma melhor
gestão dos oceanos e dos seus recursos, Serpa Soares acredita que o que está a
faltar é um "respeito integral" do que já existe. ANG/Angop
Sem comentários:
Enviar um comentário