Moçambique/Empresa
estatal de hidrocarbonetos diz que o país pode ser alternativa ao gás russo
Bissau, 26 Jul 22 (ANG) – A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), detida pelo Estado moçambicano, admitiu hoje a hipóteses de o país responder às crescentes necessidades de gás na Europa, devido à incerteza em relação ao fornecimento russo, na sequência da invasão da Ucrânia.
“Com a situação da guerra na Ucrânia, o mercado europeu
aumentou a demanda por gás. Uma das formas de acelerar para que o nosso gás
chegue aos mercados é usar uma segunda plataforma flutuante similar à que já
está aqui em Moçambique”, disse o administrador executivo comercial da ENH,
Pascoal Mocumbi Júnior, citado hoje pela Agência de Informação de Moçambique
(AIM).
Mocumbi Júnior afirmou que uma segunda plataforma
flutuante de produção de gás natural liquefeito iria juntar-se a uma
infraestrutura idêntica, que já existe nas águas moçambicanas, caso o país
tivesse que ser parte da solução para o défice energético provocado pela guerra
Rússia-Ucrânia.
O tempo de construção de uma eventual segunda unidade
flutuante seria de três anos, menos dois anos em relação ao tempo que durou a
construção da unidade que já arrancou com o carregamento de hidrocarbonetos,
como forma de ganhar tempo e acelerar a produção do gás, acrescentou.
“Com a quantidade de gás existente em Moçambique, o país,
automaticamente, se posiciona como uma alternativa para suprir a necessidade
existente atualmente e quanto mais rápido o país conseguir colocar o seu gás no
mercado, maior será a possibilidade de tirar vantagens da atual crise provocada
pelo conflito Rússia-Ucrânia”, destacou.
Na última semana, o embaixador cessante da União
Europeia (UE) em Moçambique defendeu que o gás natural de Cabo Delgado está
entre as alternativas no plano da Europa de diversificar fontes de energia face
às limitações provocadas pela invasão russa da Ucrânia.
“O gás de Moçambique, com a presença de grandes
companhias multinacionais europeias, tem agora um valor ainda mais importante e
estratégico”, declarou Sánchez-Benedito Gaspar, em entrevista à Lusa em Maputo.
Segundo o diplomata, com a invasão russa da Ucrânia, a
Europa chegou à conclusão de que “não pode confiar no parceiro antigo [a
Rússia, entre os maiores exportadores de gás no mundo], que é autoritário e usa
o gás como instrumento de guerra”, estando a envidar esforços para garantir
fontes alternativas.
“Temos adotado uma nova estratégia na Europa, designada
“RePower EU”, que tem vários elementos […] No que diz respeito ao gás, que é
considerado uma energia de transição, estamos a procurar fornecedores
alternativos […] Moçambique está entre as alternativas”, frisou
Sánchez-Benedito Gaspar.
Embora o gás dos três projetos até agora aprovados já
tenha destino, Moçambique dispõe de reservas comprovadas de mais de 180
triliões de pés cúbicos, segundo dados do Ministério dos Recursos Minerais e
Energia. ANG/Inforpress/Lusa
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