Guerra Medio Oriente/MNE português destaca "sentimento de urgência" internacional na criação dos dois Estados
Bissau, 27 nov 23 (ANG) - O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal destacou hoje a "enorme convergência" e "sentido de urgência" em relação à "solução dos dois estados" para o Médio Oriente dos 43 países europeus e árabes reunidos esta segunda-feira em Barcelona.
"Aquilo que depois de
muitos e muitos anos estamos agora a ver pela primeira vez é esta conjugação de
entendimento sobre aquilo que precisa de ser feito associado a um sentimento de
urgência", disse João Gomes Cravinho, em declarações à agência Lusa em
Barcelona, no final da reunião da União pelo Mediterrâneo (UpM), que juntou
responsáveis políticos pela diplomacia de 43 países e da União Europeia.
O ministro disse que houve
no encontro "uma enorme convergência”, associada “a um sentimento de
urgência” em torno da “necessidade de uma solução de dois Estados [israelita e
palestiniano]", que todos os países reconhecem "ser a única real
possibilidade de uma solução para a paz e a estabilidade a longo prazo".
O "ingrediente
novo", acrescentou, é "o sentimento de urgência" e de não ser
aceitável e possível regressar à situação que existia antes do ataque a Israel
de 07 de outubro por parte do grupo islamita radical Hamas, que controla o
território palestiniano da Faixa de Gaza.
"Não podemos regressar
ao 06 de outubro, àquilo que era uma paz podre, uma situação malsã
anterior", afirmou.
Segundo João Gomes Cravinho,
no encontro da UpM houve também o reconhecimento da "necessidade
absoluta" de prolongar a trégua na guerra em Gaza, em que já morreram 14
mil pessoas no território palestiniano, vítimas da operação militar com que
Israel respondeu ao ataque do Hamas.
Só um cessar-fogo permanente
permite "o trabalho diplomático e político", que "é urgente para
a solução dos dois estados", mas também a entrada de ajuda humanitária em
Gaza, disse João Gomes Cravinho.
Em resposta ao ataque do
Hamas, Israel bombardeou a Faixa de Gaza nas últimas semanas e bloqueou o
acesso ao território, impedindo o abastecimento.
O ministro dos Negócios
Estrangeiros (MNE) defendeu que o prolongamento da trégua atual é possível,
para além de ser necessária.
"Sentir-se-iam todos
muito, muito defraudados em relação às expectativas de paz que existem. Se
agora se regressasse aos bombardeamentos, acho que seria indesculpável e,
portanto, é fundamental que agora se prolongue este cessar-fogo",
defendeu.
A Autoridade Palestiniana
esteve representada hoje em Barcelona, mas Israel, um dos países fundadores da
UpM, optou por não ir à reunião.
"Naturalmente que
Israel tem de fazer parte desta solução e, por isso, temos muita pena que Israel
não tenha estado", disse o MNE, que realçou que a UpM não é, porém, uma
"instância decisória" e a ausência do governo de Telavive não impediu
"que se fizesse um bom progresso, precisamente na identificação das linhas
comuns da comunidade Internacional como um todo" em relação à situação no
Médio Oriente.
Para João Gomes Cravinho,
"seguramente que Israel irá reconhecer que a sua segurança e o seu
interesse de longo prazo está em contribuir para uma solução de dois
estados".
O ministro disse ainda que no
encontro houve também "muitas referências", que Portugal partilha,
"de profunda preocupação em relação ao que se passa na Cisjordânia, com a
extensão de colonatos ilegais" israelitas neste território palestiniano.
Em relação à proposta de
Espanha para uma conferência internacional de paz para o Médio Oriente, João
Gomes Cravinho disse que uma iniciativa dessas precisa de ter "uma
sustentação prévia" e de um "diálogo sobre muitos aspetos que
precisam de ser ponderados no quadro do desenvolvimento da solução de dois
estados".
A conferência de paz deve
ser "o culminar desse processo" e se for feita "sem preparação,
naturalmente, que não produziria resultados interessantes", pelo que
"de hoje para amanhã" não é viável.ANG/Lusa
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