Guerra na Ucrania/Putin exclui invadir Polónia e considera impossível derrota na Ucrânia
Bissau, 09 fev 24 (ANG) – O
presidente russo, Vladimir Putin, afastou a possibilidade de invadir a Polónia
ou a Letónia, durante uma entrevista ao apresentador norte-americano Tucker
Carlson, divulgada na quinta-feira, uma vez que a Federação Russa “não tem
interesses” nesses Estados.
“Não temos interesses na Polónia, na Letónia ou algures. Porque é que faríamos isso? Simplesmente não temos qualquer interesse [nisso]. (…) Está fora de questão”, respondeu Putin à questão “Imagina um cenário em que o senhor envia tropas russas para a Polónia?”.
Sobre a Ucrânia, Putin
afastou totalmente a possibilidade de derrota russa no Estado vizinho que
invadiu, considerando-a “impossível, por definição”.
Como disse: “Há vociferações
para infligir uma derrota estratégica à Rússia no campo de batalha. Na minha
opinião, é impossível, por definição. Isso nunca acontecerá”.
A propósito de esta guerra,
assegurou que existe um número indeterminado de “mercenários dos EUA”, que
disse constituirem o segundo grupo mais numeroso destes combatentes, depois dos
polacos e à frente dos georgianos.
Putin disse também que o
envio de soldados regulares dos EUA para combaterem na Ucrânia “colocaria a
Humanidade à beira de um conflito global muito sério”, em resposta ao apelo do
líder dos democratas no Senado norte-americano, Chuck Schumer, para reforçar a
ajuda ao país invadido.
“Vocês têm problemas nas
fronteiras com a imigração, problemas com a dívida de mais de 33 mil milhões de
dólares… Não têm nada melhor para fazer? (…) Não seria melhor negociar com a
Rússia para chegar a um acordo?”, prosseguiu.
Ainda sobre a Ucrânia, Putin
disse que está pronto para negociar, mas que o presidente ucraniano, Volodimir
Zelenski, “assinou um decreto que proíbe a negociação com a Rússia [porque]
obedece a instruções dos países ocidentais”.
Por outro lado, sobre os
EUA, Putin afastou a ideia de que a relação bilateral dependa de uma mudança na
Presidência norte-americana, contrapondo que tem mais a ver com “a ideia de
dominação” que os EUA têm do mundo.
Como disse: “Não se trata de
quem é o líder ou da personalidade de uma pessoa em concreto, mas das elites. É
a ideia de dominação a todo o custo baseada nas forças dominantes da sociedade
norte-americana”.
Reconheceu que teve uma boa
relação com George Bush Jr, “e também [teve] essa relação pessoal com [Donald]
Trump”.
Ao refletir a seguir sobre
os EUA, apontou: “É um país complexo. Conservador, por um lado, mas em rápida
mudança, por outro... Não é fácil compreendê-lo”.
Em particular, sobre o
sistema eleitoral, questionou: “Quem toma as decisões nas eleições? Pode
entender-se que cada Estado tenha as suas leis? Que se regule por sua conta?”
Putin pronunciou-se ainda
sobre Elon Musk, que considerou uma pessoa e um empresário “imparável” e
advogou um “acordo internacional” para regular a inteligência artificial (IA).
Sobre este assunto, Putin
opinou que a investigação genética é uma ameaça para a Humanidade, até ao ponto
em que “agora é possível criar um super-humano”, e depois comentou que Musk “já
implantou um ‘chip’ no cérebro humano nos EUA”.
A propósito, comentou:
“Creio que Elon Musk é imparável. Fará o que considere necessário. Não
obstante, têm de encontrar uma base comum com ele. Encontrar formas de o
persuadir. Creio que é uma pessoa inteligente. A sério. Mas precisam de chegar
a um acordo com ele, porque esse processo precisa de ser formalizado e sujeito
a certas regras”.
Putin disse ainda que se
pode fazer “uma previsão aproximada do que se vai passar” com o desenvolvimento
da genética e da IA, recordando o caso das armas nucleares, que progrediram até
que os Estados entenderam que o seu uso negligente poderia levar +a extinção e
acordaram travá-las.
“É impossível parar a
investigação na genética, tal como era impossível parar o uso da pólvora no
passado, mas quanto antes nos dermos conta de que a ameaça vem do
desenvolvimento incontrolado da IA, da genética ou de qualquer outro campo,
será a altura de alcançar um acordo internacional sobre a regulação dessas
coisas”, acrescentou.
Tucker Carlson é um polémico
conservador e ex-apresentador da Fox News, próximo do ex-presidente Donald
Trump, a quem apoia nas próximas eleições presidenciais norte-americanas. A
entrevista foi transmitida no espaço próprio que Carlson tem agora na internet.ANG/Lusa
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