Nigéria/CEDEAO pede garantia de eleições inclusivas no Senegal
Bissau, 05 Fev 24 (ANG) - A Comunidade Económica dos Estados da
África Ocidental (CEDEAO) pediu domingo a promoção do diálogo para garantir
eleições inclusivas no Senegal, após o Presidente do país, Macky Sall, ter
adiado as eleições presidenciais de 25 de Fevereiro.
Num comunicado divulgado em Abuja, capital da Nigéria, a organização afirmou que a Comissão da CEDEAO manifesta a sua preocupação com as circunstâncias que levaram ao adiamento das eleições e pede às autoridades competentes que acelerem os diferentes processos para estabelecer uma nova data.
O bloco regional,
composto por 15 países - embora os Governos do Burkina Faso, do Mali e do Níger
tenham anunciado a sua retirada na semana passada -, também apelou a "toda
a classe política (senegalesa) para dar prioridade ao diálogo e à colaboração
para a realização de eleições transparentes, inclusivas e livres".
Macky Sall anunciou à
nação, num discurso transmitido pelas televisões no sábado, a revogação do
decreto que convocava as eleições, o que significa o seu adiamento por tempo
indeterminado.
Depois da polémica
desencadeada em torno da lista final de candidatos publicada pelo Conselho
Constitucional e a poucas horas do início previsto para hoje da campanha
eleitoral, o Presidente afirmou que vai iniciar "um diálogo nacional
aberto, no sentido de reunir as condições para a realização de eleições livres,
transparentes e inclusivas".
Na sua declaração, Sall,
que havia confirmado em Julho passado que não concorreria a um terceiro
mandato, garantiu que a medida é motivada pelo "conflito aberto no
contexto de um alegado caso de corrupção de juízes", destacando que a
Assembleia Nacional senegalesa lançou uma investigação sobre o processo de
selecção de candidatos.
Da mesma forma, o
Presidente atribuiu a sua decisão "à polémica sobre um candidato cuja
dupla nacionalidade (francesa e senegalesa) foi revelada após a publicação da
lista final".
Isto "constitui uma
violação do artigo 28 da Constituição, que estipula que qualquer candidato à
Presidência deve ser apenas de nacionalidade senegalesa", disse Sall.
O chefe de Estado fez
este anúncio um dia depois de o Partido Democrático Senegalês (PDS), do
opositor Karim Wade, ter apresentado um "projecto de lei" para
solicitar precisamente um adiamento da votação devido a "graves falhas
intoleráveis" no processo eleitoral.
Karim Wade, filho do
ex-Presidente Abdoulaye Wade (2000-2012), foi excluído devido à sua dupla
nacionalidade da lista final de candidatos, que inclui apenas 20 das 93
propostas inicialmente apresentadas.
Também ficou de fora o
principal líder da oposição do país, Ousmane Sonko, que, desde a sua detenção
em Julho passado sob acusações de insurreição e ataque à segurança do Estado,
entre outras, viu-se privado de liberdade e imerso numa batalha judicial para
poder participar nas eleições.
Em Setembro passado, o
Presidente Sall, no poder desde 2012, nomeou o actual primeiro-ministro, Amadou
Ba, como candidato da coligação governamental Benno Bokk Yaakaar (Unidos pela
Esperança, na língua wolof).
Bassirou Diomaye Faye,
do Patriotas do Senegal pelo Trabalho, Ética e Fraternidade (Pastef - partido
de Sonko), também integra a lista aprovada pelo Conselho Constitucional.
Faye foi indicado pelo
partido no final de 2023, diante da previsível impossibilidade de participação
de Sonko nas eleições presidenciais. ANG/Angop
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