Portugal/Cerca de 21 milhões de crianças não foram vacinadas em 2023 e cobertura está abaixo de 2019
Bissau, 15 Jul 24 (ANG) – Cerca de 21 milhões de crianças não
receberam as vacinas previstas em 2023, mais 2,7 milhões do que antes da
pandemia de covid-19, um retrocesso nos objetivos globais de imunização que
estão longe das metas para 2030.
O
alerta consta de um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo
das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgado hoje com dados sobre a
cobertura mundial da vacinação e que indica que ainda não foram alcançados os
níveis globais de 2019, o ano antes do início da pandemia de covid-19.
“Dos
dados de 2023 que os países e regiões submeteram, o que sabemos é que a
cobertura de imunização global ainda não recuperou totalmente da histórica
queda que vimos durante a pandemia e, de facto, em 2023 o incremento da
cobertura estagnou, comparando com 2022”, salientou Katherine O’Brien, diretora
do departamento de imunização da OMS, em conferência de imprensa.
Segundo
os dados das duas agências, o número de `doses-zero´ - crianças que não
receberam uma única dose de vacina durante o programa de imunização de rotina –
aumentou de 13,9 milhões em 2022 para 14,5 milhões em 2023, muito acima das
12,8 milhões em 2019.
Além
destas, outros 6,5 milhões de crianças não receberam a segunda e terceira doses
da vacina contra a difteria, tétano e tosse convulsa (DTP).
No
conjunto, entre as “dose-zero” e a sub-imunização, são 21 milhões de crianças
em 2023 que estão nessa situação, mais 2,7 milhões do que antes da pandemia,
quando eram 18,3 milhões, alertaram a OMS e a Unicef.
Mais
de metade dessas crianças – 55% - vivem em países com condições vulneráveis ou
em conflito, apesar de representarem apenas 28% do global de nascimentos, como
Nigéria, Etiópia, Paquistão, Iémen e Afeganistão, entre outros, salientou
Ephrem Lemango, chefe da área da imunização da Unicef.
Katherine
O’Brien realçou que as crianças que vivem nestes ambientes debatem-se também
com falta de segurança, de nutrição adequada e de cuidados de saúde, elevando a
probabilidade de virem a morrer de uma doença prevenível pela vacinação, se
forem infetados.
A
especialista da OMS alertou ainda que as crianças que ficam subimunizadas
estão, na prática, a perder vacinas contra várias doenças como o sarampo, a
meningite e febre amarela.
O
relatório agora divulgado indica também que, em 2023, 84% das crianças a nível
global – 180 milhões – receberam as três doses da vacina contra a difteria,
tétano e tosse convulsa (DFT), que é considerada um indicador do programa de
imunização.
Essa
percentagem não melhorou em comparação com 2022 e ainda está aquém do objetivo
de 90% previsto na Agenda da Imunização 2030.
Na
conferência de imprensa, Katherine O’Brien salientou que os dados agora
conhecidos também apresentam aspetos positivos, como a diminuição das
“dose-zero” em África.
Além
disso, a administração da terceira dose da vacina DTP aumentou nas Américas e
em África e nos países de baixo rendimento, onde os sistemas de saúde sofreram
mais com a pandemia, verificou-se uma evolução ligeira dos níveis de
imunização.
A
especialista destacou ainda o aumento da cobertura global em 2023 da vacina HPV,
contra o vírus papiloma humano, ano em que 27% das raparigas receberam a
primeira dose, mais 7% do que 2022, através da sua introdução em países
populosos como Bangladesh, Indonésia e Nigéria, apoiada pela aliança GAVI.
ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário