Falta de ação contra aquecimento global pode custar 20 bilhões de dólares por ano em ajuda
humanitária
Bissau, 20 set 19 (ANG) - A
Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC na sigla
em inglês) lançou um alerta diante da falta de ação sobre a questão do
aquecimento do planeta.
Em um relatório divulgado quinta-feira (19), a organização avisa que, se
nada for feito, a crise climática vai gerar, até 2030, uma necessidade de ajuda
humanitária estimada em US$ 20 bilhões anuais.
Intitulado “The Cost of Doing Nothing” (O custo de não fazer nada),
o relatório tenta calcular o impacto real da falta de ação diante do aquecimento
global. Segundo o texto, se nada for feito, 200 milhões de pessoas vão precisar
de ajuda humanitária anualmente por causa das catástrofes climáticas e das
consequências socioeconômicas que as acompanham.
O número representa o
dobro do registrado atualmente. O estudo se baseia em dados das Nações Unidas,
do Banco de Dados Internacional de Desastres EM-DAT e das estatísticas sobre
desastres do IFRC.
"Essas descobertas
confirmam o impacto que a mudança climática está tendo e continuará tendo em
algumas das populações mais vulneráveis do mundo. O relatório mostra o custo
claro e assustador de não fazer nada”, explica o presidente da IFRC, Francesco
Rocca. “Agora é a hora de tomar medidas urgentes”, insiste.
Em entrevista à RFI,
Matthew Cochrane, porta-voz da Federação, aponta que a única maneira de impedir
esse cenário é a prevenção, com a melhoria dos sistemas de alerta e os
dispositivos de urgência.
“Muito trabalho foi feito
nos últimos anos para melhorar as previsões de eventos climáticos importantes.
No entanto, os mesmos
esforços não foram feitos para que essas informações cheguem rapidamente até as
populações mais vulneráveis, para que elas possam agir”, afirma.
O relatório do IFRC aponta
que é preciso investir em medidas de adaptação às mudanças climáticas, como a
construção de prédios mais sólidos e a criação de diques, entre outras ações.
No entanto, ressalta
Cochrane, “quando falamos de mudanças, não se trata apenas de construir
infraestruturas ou cidades mais resistentes. É preciso identificar quem são as
pessoas que estão em maior risco e garantir que elas tenham tudo o que for
necessário para enfrentar as urgências e para se recuperarem rapidamente dos
efeitos das catástrofes”.
O relatório, publicado às
vésperas da Cúpula do Clima da ONU, prevista para 23 de setembro em Nova
Yorque, mostra que havendo de uma ação efetiva seria possível diminuir o número
de pessoas que podem precisar de ajuda humanitária em razão de catástrofes
climáticos.
A hipótese mais otimista,
nesse caso, aponta para uma queda drástica dos necessitados, que passariam, até
2050, dos 108 milhões atuais por ano, para 10 milhões anuais.ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário