Brasil é alvo de denúncia inédita na organização
Bissau, 11 set 19 (ANG) - A
Ordem dos Advogados do Brasil denuncia nas Nações Unidas o que qualifica de “retrocesso
político” brasileiro.
Um documento criticando o
governo de Jair Bolsonaro será entregue na Comissão de Direitos Humanos da ONU
por representantes da OAB nesta quarta-feira (11).
A Ordem dos Advogados do
Brasil decidiu utilizar seu espaço de foro consultivo na Comissão de Direitos
Humanos da ONU para chamar a atenção para a situação atual brasileira.
A entidade vai entregar ao
relator da Comissão de Direitos Humanos um documento sintetizando “desvios
antidemocráticos” sob forma de denúncia para conhecimento da comunidade
internacional.
Segundo Hélio Leitão,
presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, encarregado de entregar o
documento, o Brasil assiste a uma espécie de “revisionismo ou negacionismo
histórico”.
Na terça-feira (10), foi
organizado um encontro paralelo, aberto aos outros países e à imprensa
internacional para divulgar a iniciativa.
Esse evento, embora já programado, coincide
com o recente ataque de Jair Bolsonaro à Alta Comissária dos Direitos
Humanos da ONU, Michelle Bachelet no
qual o presidente brasileiro também evocou o ditador chileno Augusto Pinochet.
O episódio provocou
reações em vários países. No Brasil, a OAB e o Instituto Vladimir Herzog
alegaram que os comentários de Bolsonaro eram uma apologia à ditadura chilena.
O documento entregue em
Genebra não é um pedido de processo, e sim uma denúncia que será acrescentada
às irregularidades já mencionadas pela Alta comissária no seu relatório sobre a
situação brasileira. Como o Brasil é candidato à reeleição como membro da
direção da Comissão de Direitos Humanos, a iniciativa pode isolar o país,
reforçando o número de nações contrárias à sua escolha.
Desde a chegada de
Bolsonaro ao poder, o Brasil vem registrando uma mudança de posição na ONU. O
país deixou de apoiar a igualdade entre os sexos, rejeita textos que referem
aos homossexuais, transexuais ou bissexuais, e adotou uma postura conservadora
sintetizada na promoção da família.
Brasília, que antes de
Bolsonaro votava sempre com os países democráticos europeus na ONU, apoiou
indiretamente o governo de extrema-direita das Filipinas, deixando de votar no
pedido de abertura de investigações sobre execuções extrajudiciais pelo governo
filipino.
O Brasil também apoiou ao governo militar egípcio e o Iraque num pedido de exclusão de um texto da ONU sobre o direito à saúde sexual e reprodutiva das mulheres.
O Brasil também apoiou ao governo militar egípcio e o Iraque num pedido de exclusão de um texto da ONU sobre o direito à saúde sexual e reprodutiva das mulheres.
Nessa mesma linha, as
autoridades brasileiras apoiaram ainda a proposta paquistanesa de se retirar a
menção relativa à educação sexual numa resolução da ONU. ANG/RFI
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