Cientistas alertam que cidades inteiras poderão ser
engolidas por oceanos
Bissau, 25 set 19 (ANG) – Cientistas da ONU alertam em
novo relatório que cidades inteiras poderão ser engolidas se nada for feito.
“Ajam rápido contra as emissões de gases de efeito
estufa ou cidades inteiras serão engolidas pela subida das marés, rios secarão
e a fauna marinha desaparecerá”, dizem
Esse é o alerta lançado por cientistas do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em um relatório
publicado nesta quarta-feira (25) sobre as consequências do aquecimento global
para os oceanos, as geleiras e os polos.
Alguns dias após manifestações de milhões de jovens ao redor do mundo pedindo
aos líderes uma acção urgente em favor da natureza, os cientistas do IPCC - órgão independente da
ONU - acreditam que medidas radicais ainda podem impedir que os piores cenários
se concretizem. O documento ressalta que se as emissões de CO2 continuarem a
aumentar, elas desequilibrarão os oceanos e as zonas mais frias do planeta.
"Todos, no mundo inteiro, serão afetados pelas
mudanças que já estamos observando", sublinha o oceanógrafo britânico
Michael Meredith, um dos autores do estudo. "O elemento principal deste
relatório é que temos uma escolha. O futuro ainda não está definido",
reitera.
Finalizado na terça-feira (24) durante uma sessão de
27 horas de negociações em Mônaco entre cientistas e representantes governamentais,
o documento é o resultado de dois anos de trabalho do IPCC.
Realizado por mais de 100 especialistas com base em
sete mil publicações científicas, ele detalha as consequências diretas do
aquecimento global para 1,3 bilhão de pessoas que vivem próximas ao mar ou aos
pés das montanhas.
Os autores do estudo acreditam que os oceanos podem
subir um metro até 2100 - dez vezes mais do que no século 20. Segundo eles, se
as emissões de dióxido de carbono continuarem aumentando daqui até 2300, o
nível do mar pode se elevar a cinco metros.
Entre as catastróficas previsões citadas no documento,
está o grave impacto do abastecimento de água em boa parte do continente
asiático, com o desaparecimento de geleiras no Himalaia que alimentam os rios
Gange e Yangtze. Já o aquecimento das terras geladas da Sibéria ou do Alaska
podem liberar grandes quantidades de gases de efeito estufa, piorando ainda
mais a situação.
Em outubro de 2018, o IPCC já havia alertado que as
emissões de CO2 precisam ser reduzidas pela metade na próxima década para
que os objectivos determinados no Acordo de Paris sobre o Clima, em 2015,
sejam alcançados.
No mês passado, o grupo também fez um apelo por uma
mudança profunda na produção agrícola mundial, com o objetivo de preservar a
segurança alimentar, a saúde e a biodiversidade.
Publicado dois dias depois da cúpula sobre o clima
organizada pela ONU em Nova York, o terceiro relatório do IPCC também
sublinha a falta de atitude dos governos.
"Se nós
não formos capazes de estabelecer ações ambiciosas para reduzir os gases de
efeito estufa, enfrentaremos as piores consequências", afirma a
paleoclimatóloga Nerilie Abram, da Universidade Nacional da Austrália e uma das
autoras do documento. "Chegamos em um momento que temos uma escolha a fazer",
adverte. ANG/RFI
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