Mali/CEDEAO dá uma semana para Junta militar nomear um Presidente civil
Bissau, 08 Set 20 (ANG) - A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) pediu à junta que tomou o poder no Mali que nomeie um Presidente civil de transição até 15 de Setembro, de acordo com o comunicado final da cimeira desta organização, em Niamey.
"O Presidente da
transição e o primeiro-ministro da transição devem ser designados o mais tardar
até 15 de Setembro de 2020", disse o presidente da Comissão da CEDEAO,
Jean-Claude Brou, que tinha declarado anteriormente que a transição deveria ser
"liderada por um Presidente e um primeiro-ministro civis por um período de
12 meses".
Entretanto, "a
conferência mantém as decisões", disse Jean-Claude Brou, referindo-se às
sanções adoptadas pela CEDEAO: encerramentos de fronteiras e um embargo às
trocas financeiras e comerciais com o Mali.
A organização "toma
nota das consultas em curso entre os actores malianos e o Conselho Nacional
para a Salvação do Povo (CNSP)" criado pelos golpistas, acrescentou.
De manhã, na abertura da
cimeira, o chefe de Estado nigeriano, Mahamadou Issoufou, atual presidente da
CEDEAO, tinha insistido numa "restauração rápida de todas as instituições
democráticas".
"A junta militar
deve ajudar-nos a ajudar o Mali", disse, sublinhando que "outros
parceiros estratégicos do povo maliano têm a mesma esperança",
referindo-se em particular à França.
Sobre outros assuntos, o
Presidente Mahamadou Issoufou instou os seus colegas a elaborarem um novo
roteiro, mantendo uma abordagem gradual ao lançamento da moeda comum e
salientou as dificuldades em mobilizar fundos para combater o 'jihadismo'.
O lançamento da moeda
única, o Eco, que deveria eventualmente substituir o franco CFA na África
Ocidental, estava previsto para Julho de 2020, mas as críticas da Nigéria e a
crise do novo coronavírus perturbaram um calendário considerado ambicioso por
muitos observadores e que não foi respeitado.
"Devemos considerar
todas as crises sanitárias, de segurança, políticas e económicas como
oportunidades. Aproveitemos, portanto, as oportunidades que nos oferecem para
acelerar a integração regional e continental", concluiu o Presidente nigeriano.
Oito chefes de Estado,
incluindo o Presidente senegalês, Macky Sall, e o Presidente da Costa do
Marfim, Alassane Ouattara, bem como o da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló,
estiveram presentes na cimeira.
Como era esperado, a
cimeira "elegeu" a ganesa Nana Akufo-Addo para suceder a Mahamadou
Issoufou na presidência da CEDEAO para um mandato de um ano.
Na sequência do golpe de
Estado de 18 de Agosto, o então Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, e
vários responsáveis do seu Governo foram detidos e posteriormente libertados,
após mediação da CEDEAO.
O ex-presidente deixou
Bamako na noite de sábado a bordo de um voo especial alegadamente para receber
tratamento no estrangeiro, mas fontes ligadas à junta militar no poder
asseguram que a CEDEAO defende o regresso ao Mali de Ibrahim Boubacar Keita
caso a justiça e segurança do país o exijam.
A junta militar, que se
auto-designou Comité Nacional para a Salvação do Povo, está a promover
consultas com diversas formações políticas civis do país para preparar o
processo de transição.
Além da instabilidade
política, o Mali regista uma situação de violência inter-comunitária e de
frequentes ataques 'jihadistas' contra o exército maliano e as forças
estrangeiras, incluindo francesas, destacadas em extensas zonas do centro e
norte do país.ANG/Angop
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