quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

                      Venezuela/Maduro recupera o controlo do parlamento

Bissau, 09 Dez 20 (ANG) - A coligação que apoia o Presidente Nicolas Maduro da Venezuela tomou o controlo do parlamento com um pouco mais de 67 por cento dos cerca de 5 milhões de votos registados no domingo.

As eleições legislativas foram marcadas por uma  abstenção (de 69%) e a rejeição de boa parte da comunidade internacional bem como da oposição venezuelana.

Na sequência das anteriores legislativas de 2015, a oposição tinha conquistado a maioria na assembleia parlamentar.

Perante este novo figurino em que ainda não se conhece a repartição exacta dos assentos parlamentares, Maduro falou em "esperança de mudança".

"Uma vez que o povo elegeu a sua Assembleia Nacional, no dia 5 de Janeiro, vai tomar posse a nova Assembleia Nacional da Venezuela. é por isso importante o passo do dia de hoje. Nasce uma nova Assembleia Nacional, nasce a esperança de uma mudança", declarou Nicolas Maduro.

Reagindo publicamente antes mesmo da divulgação dos primeiros dados sobre a votação, o chefe da oposição Juan Guaido que tinha preconizado o boicote destas eleições, apelou a comunidade internacional a rejeitar o resultado das eleições e os venezuelanos a mobilizarem-se nas ruas para contestar a votação.

“A fraude é um facto consumado. E a rejeição da grande maioria da população venezuelana é evidente. Apesar da censura e da hegemonia da comunicação, a verdade não pode ser escondida. Grande parte da Venezuela está a virar as costas a Maduro e à sua fraude eleitoral que começou meses atrás. Os únicos que agem deste modo são aqueles que têm medo do povo. E Maduro e o seu regime perderam todo o apoio popular”, disse Guaido

Acrescenta que os resultados foram preparados há dias, que o  conselho eleitoral nacional é fictício, candidatos fictícios, opositores fictícios, resultados previstos com antecedência.

“Estamos à vossa espera no dia 12 de dezembro nas ruas, para expressar a voz da maioria, e a nossa determinação em conquistar a nossa liberdade através da consulta popular, declarou o chefe da oposição que que se autoproclamou Presidente interino da Venezuela no começo de 2019.

Juan Guaido que é também o Presidente cessante do parlamento lançou entretanto  uma consulta popular que decorre até sábado, em que pede que seja prolongado o seu mandato de chefe da assembleia para além do prazo-limite do 5 de Janeiro de 2021, data em que toma posse o novo parlamento, no intuito de organizar "eleições livres, justas e transparentes".

A nível externo, são numerosas as reacções aos resultados das legislativas de domingo.

O chefe da diplomacia dos Estados unidos, Mike Pompeo, cujo país não reconhece a autoridade de Maduro, disse que as eleições  foram  "farsa política" que não respeitou "nenhuma norma mínima de credibilidade".

Condenação e rejeição é também a tónica da União Europeia e do chamado "grupo de Lima" que abrange os países de América Latina, como a Colômbia ou o Brasil, que reconhecem Guaido como Presidente e apelaram  "a apoiar os esforços para o restabelecimento da democracia" na Venezuela.

Do lado dos países que apoiam o poder chavista, Cuba saudou "a vitória da revolução e do povo bolivariano" e reiterou o "seu apoio ao Presidente Maduro". A Rússia, quanto a si, elogiou legislativas "transparentes" e assegurou que "nenhuma violação grave" foi registada durante o escrutínio. ANG/RFI

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