Mali/Soldados alemães retomam actividades militares na missão das Nações Unidas
Bissau, 06 Set 22 (ANG) - Os soldados alemães destacados na
missão das Nações Unidas no Mali (MINUSMA) retomaram hoje, 6, as suas
actividades, suspensas há quase um mês devido a desacordos com a junta militar
que governa o país africano desde Agosto de 2020.
As tropas alemãs que se juntaram ao contingente da MINUSMA no
Mali estão a ajudar a garantir a segurança no aeroporto da cidade de Gao, onde
se encontra o principal campo de manutenção da Missão Multidimensional de
Estabilização Integrada das Nações Unidas, de acordo com um porta-voz do
comando de operações alemão em Schwielowsee, perto de Potsdam, em declarações à
agência noticiosa alemã DPA.
A Alemanha anunciou a
suspensão da sua participação na MINUSMA no passado dia 12 de Agosto,
denunciando uma nova recusa de sobrevoar o país pelas autoridades da junta
militar no poder no Mali.
"O Governo do Mali
recusou mais uma vez autorizar um voo programado para hoje", que deveria
proporcionar uma rotação de pessoal, explicou na altura um porta-voz do
Ministério da Defesa alemão.
O regresso do
contingente alemão à MINUSMA é particularmente relevante no contexto em que o
Mali se encontra em termos de segurança, de costas voltadas ao antigo aliado e
ex-potência colonial, a França, e de "mãos dadas" com Moscovo através
do grupo paramilitar russo Wagner, e sob a ameaça crescente do pouco conhecido
Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (GSIM) nas últimas semanas.
As relações entre a
junta militar no poder em Bamako e Paris deterioraram-se ao longo deste ano,
particularmente desde a chegada ao Mali dos mercenários do grupo Wagner, que
colocou um ponto final a nove anos de presença francesa militar ininterrupta no
Mali onde combatia os grupos extremistas islâmicos.
A força francesa
Barkhane está actualmente a finalizar a retirada do respectivo equipamento
militar do país.
Após meses de animosidade,
as autoridades malianas controladas pelos militares que chegaram ao poder pela
força em Agosto de 2020 anunciaram em Maio deste ano que consideravam nulo e
sem efeito o tratado de cooperação no domínio da defesa assinado de 2014 com a
França, bem como os acordos de 2013 e 2020, que estabeleciam o quadro da
presença da operação Barkhane e o reagrupamento de forças especiais europeias
Takuba, iniciado pela França e no qual Portugal chegou a participar com cerca
de duas dezenas de militares.
As relações entre o Mali
e as Nações Unidas, cujas forças de manutenção da paz se encontram no país
desde 2013, também se deterioraram nas últimas semanas.
A MINUSMA foi
estabelecida pelo Conselho de Segurança da ONU em Abril de 2013 para ajudar as
autoridades de transição do Mali a estabilizar o país e garantir a segurança e
protecção da população civil. A tornar-se definitiva a saída da Alemanha do
Mali, a missão enfrentará novos problemas, que se somam à retirada da França,
que quando saiu deixou a MINUSMA sem apoio aéreo. ANG/Angop
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