COP27/ ONU lamenta falta de plano para “reduzir
drasticamente” emissões
Bissau,
21 Nov 22(ANG) – O secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou no
domingo a falta de ambição da 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre as
Alterações Climáticas (COP27) no que diz respeito à redução das emissões.
“Precisamos
de reduzir drasticamente as emissões [de gases com efeito de estufa] agora – e
essa é uma questão a que esta COP não respondeu”, disse Guterres após a
conferência sobre o clima.
Também
o vice-presidente da Comissão Europeia disse que as negociações ficaram aquém
do necessário, realçando que foi dado “um passo muito curto para os habitantes
do planeta”.
“Não
proporciona esforços adicionais suficientes por parte dos principais emissores
para aumentar e acelerar as suas reduções de emissões”, disse Frans Timmermans,
vice-presidente da Comissão Europeia, num discurso inflamado, na sessão
plenária final da COP27, após duas semanas de conferência, no Egito.
A
conferência anual do clima da ONU aprovou hoje um acordo que prevê a criação de
um fundo para financiar danos climáticos sofridos por países “particularmente
vulneráveis”, numa decisão descrita como histórica.
A
resolução foi adotada por unanimidade em assembleia plenária, seguida de
aplausos estrondosos, no final da conferência anual do clima da ONU.
A
resolução enfatiza a “necessidade imediata de recursos financeiros novos,
adicionais, previsíveis e adequados para ajudar os países em desenvolvimento
que são particularmente vulneráveis” aos impactos “económicos e não económicos”
das alterações climáticas.
Entre
essas possíveis modalidades de financiamento está a criação de um “fundo de
resposta a perdas e danos”, uma reivindicação dos países em desenvolvimento.
As
modalidades de implementação do fundo terão de ser elaboradas por uma comissão
especial, para serem adotadas na próxima COP28, no final de 2023, nos Emirados
Árabes Unidos.
A
questão das “perdas e danos”, que esteve mais do que nunca no centro de debate,
após as devastadoras inundações que atingiram recentemente o Paquistão e a
Nigéria, quase inviabilizou a COP27.
Esta
manhã, os delegados tinham aprovado o fundo de compensação, mas não tinham
lidado com as questões controversas, como a meta para controlar a subida da
temperatura, cortes nas emissões de gases com efeito de estufa e limitação
gradual de combustíveis fósseis.
Ao
amanhecer, a União Europeia e outras nações impunham-se contra o que consideravam
ser um retrocesso no acordo da presidência egípcia, ameaçando afundar o resto
do processo.
O
acordo foi novamente revisto.
“Não
é tão forte quanto gostaríamos que fosse, mas não vai contra” aquilo que foi
decidido na conferência climática da ONU do ano passado, disse o ministro do
Clima norueguês, Espen Barth Eide.
O
acordo inclui uma referência velada aos benefícios do gás natural como energia
de baixa emissão, apesar de muitas nações apelarem a uma redução gradual da
utilização do gás natural, que contribui para as alterações climáticas.
O
documento não impõe cortes mais rápidos das emissões de gases com efeito de
estufa, mas mantém vivo o objetivo global de limitar o aquecimento a 1,5 graus
Celsius. A presidência egípcia tinha retomado propostas que remontavam a 2015,
que mencionavam um objetivo mais flexível de dois graus.
A
27.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas começou em 06
novembro e terminou hoje em Sharm-el-Sheik, no Egito, juntando mais de 35 mil
participantes, nomeadamente vários líderes de países, com cerca de duas mil
intervenções sobre mais de 300 tópicos. ANG/Inforpress/Lusa
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