Portugal/Cientistas descobrem molécula eficaz no combate ao
cancro
Bissau, 01 Nov
22 (ANG) - Três investigadoras portuguesas (Rita Acúrcio, Rita Guedes e Helena
Florindo) do Instituto de Investigação do Medicamento, da Faculdade de Farmácia
da Universidade de Lisboa, e uma investigadora israelita, Ronit Satchi-Fainaro,
da Universidade de Telaviv, descobriram uma molécula capaz de estimular o
sistema imunitário a combater vários tipos de cancro.
"Estamos a falar de uma molécula
pequena, basicamente é um composto químico, como muitos outros que já existem.
No nosso caso, nós quisemos que fosse uma alternativa a anticorpos, que já são
administrados na clínica, mas que têm um custo muito elevado e que são
administrados por injecção", começou por referir a cientista
portuguesa,Helena Florindo, uma das autoras do Estudo em declarações a RFI.
O objectivo desta equipa de investigação é
criar um comprimido, que
possa ser mais eficaz e que produza menos efeitos secundários do que as
terapias que existem actualmente na luta contra o cancro.
"O que queríamos com esta molécula
era depois administrá-la, sob a forma de um comprimido, por via oral. O
que ela faz é diminuir o bloqueio que o cancro desenvolve à resposta, à
protecção que o nosso organismo normalmente desenvolve, que
o tumor, ao longo da sua progressão, acaba por ultrapassar e
bloquear. O que esta molécula faz é eliminar esses bloqueios", acrescentou.
Esta molécula poderá vir a ser uma alternativa mais acessível e eficaz à
terapia de anticorpos, utilizada actualmente na luta contra o cancro,
conforme explicou a investigadora.
"Estamos a falar de uma molécula
pequena, que se produz por uma síntese química simples. Por exemplo, nós
fazemo-la no nosso laboratório, mas é claro que para depois sintetizar e para
administração aos doentes tem de ser em fábricas especializadas e em condições
especializadas, enquanto que os anticorpos são moléculas biológicas. É uma
produção diferente, mais complexa", referiu ainda.
De acordo com Helena Florindo, esta
molécula poderá ser eficaz no
combate a vários tipos de cancro, entre eles o cancro da mama ou do
pulmão.
"Estamos a falar, por exemplo de
melanoma metastático, de fases muito agressivas deste tumor, cancro do pulmão,
da bexiga ou da mama. Já existem vários tipos de tumores a quem este tipo
de anticorpos estão aprovados para tratamento. Às vezes, o que
acontece é que alguns doentes não conseguem completar a terapêutica (com
anticorpos) por causa de alguns efeitos adversos. Nós esperamos que esta
pequena molécula possa ser utilizada por esses doentes pela indução de menores
efeitos adversos", acrescentou.
Até ao momento, os testes produziram efeitos positivos nos ratos de
laboratório e o próximo passo assenta no ensaio clínico,
nos testes em seres humanos, que poderão demorar cerca de dois anos. Antes
disso, a equipa está a tentar optimizar a molécula para que o efeito no
tratamento dos tumores possa ser superior àquele que acontece no
tratamento com anticorpos.ANG/RFI
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