quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

   Mali/Presidente do Togo em Bamako para mediar caso de soldados detidos

Bissau, 5 Jan 23 (ANG) - O presidente do Togo, Faure Gnassingbe, que está a mediar no caso de 46 soldados ivoirenses suspeitos de serem "mercenários", detidos no Mali desde Julho, chegou quarta-feira a Bamako, segundo um funcionário diplomático e uma fonte do aeroporto.

"O Presidente Faure acaba de chegar a Bamako para uma visita de algumas horas. Foi recebido pelo Presidente Assimi Goïta", disse Abdoulaye Cissé, conselheiro diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Mali.

"Os dois chefes de Estado, após um primeiro tête-à-tête no aeroporto, tomaram a estrada para Koulouba", onde está sediada a Presidência do Mali, "para duas sessões de trabalho, incluindo uma à porta fechada entre os dois presidentes", prosseguiu.

Uma fonte do aeroporto também indicou que "o Presidente togolês acaba de chegar a Bamako" e "foi acolhido pelo presidente da transição".

A visita do chefe de Estado togolês foi também confirmada por dois funcionários.

Não foram dadas mais informações sobre a sua agenda e as razões da visita.

Os 46 soldados ivoirenses suspeitos de serem "mercenários" e detidos no Mali desde Julho foram condenados em 30 de Dezembro a 20 anos de prisão, antes do termo do ultimato dos chefes de Estado da África Ocidental à junta maliana para que os libertasse.

Os soldados foram considerados culpados de "atacar e conspirar contra o Governo", "minar a segurança externa do Estado", "posse, porte e transporte de armas e munições de guerra (...), com o objectivo de perturbar a ordem pública através de intimidação ou terror", no final de um julgamento de dois dias em Bamako.

No seu discurso de Ano Novo, o Presidente da Côte d’Ivoire, Alassane Ouattara, prometeu que os soldados presos "regressarão em breve a solo ivoirense".

O porta-voz do Governo da Côte d’Ivoire, Amadou Coulibaly, disse hoje, após a reunião do Conselho de Ministros, que é preciso "confiar no chefe de Estado".

"A Côte d’Ivoire escolheu um caminho, o da negociação, é o caminho diplomático, continuamos resolutamente empenhados nesse caminho", acrescentou.

Sobre as condenações dos soldados da Côte d’Ivoire, disse: "Nunca comentamos as decisões judiciais tomadas na Côte d’Ivoire, não há razão para comentarmos as decisões judiciais tomadas no estrangeiro".

Desde 10 de Julho que a Côte d’Ivoire exige a libertação dos seus soldados, negando categoricamente que fossem "mercenários", alegando que estavam numa missão para a ONU, como parte das operações de apoio logístico à Missão das Nações Unidas no Mali (Unmis).

Em 22 de Dezembro, uma delegação oficial da Côte d’Ivoire visitou Bamako na presença do ministro dos Negócios Estrangeiros togolês, num espírito "fraternal". Terminou com a assinatura de um memorando, com o ministro da Defesa da Côte d’Ivoire, Téné Birahima Ouattara, sublinhando que o assunto estava "a caminho da resolução".

O acordo alcançado entre o Mali e a Côte d’Ivoire deixa em aberto a possibilidade de um perdão presidencial para o chefe da junta militar maliano, Assimi Goïta, que não mencionou os soldados ivoirense no seu discurso de fim de ano.ANG/RFI

 

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