França/Mobilização sem precedentes contra reforma das pensões
Bissau, 19 Jan 23 (ANG) - Os principais sindicatos franceses juntam-se esta quinta-feira, numa greve geral contra a reforma do sistema de pensões que pretende aumentar a idade de reforma no país de 62 para 64 anos.
“Hoje vai ser um grande dia de mobilização”, prevê o responsável da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Philippe Martinez. O sindicato anuncia cortes na produção de electricidade e greves nas refinarias da TotalEnergie.
Manifestações, escolas fechadas e
supressão de transportes: a França prepara-se a viver um dia agitado.
Unidos pela primeira vez em doze anos, os sindicatos organizaram protestos em
215 cidades, segundo a CGT, esperando uma mobilização “massiva” superior
a “um milhão” de manifestantes. Uma chifra que daria
impulso a um movimento social chamado a manter-se durante várias semanas.
A quinta-feira promete ser complicada para
os franceses que precisam de transporte ou que têm filhos na escola. “Será
uma quinta-feira de grandes perturbações nos transportes”, afirmou o
ministro dos Transportes Clément Beaune, apelando aos franceses que adiem as
suas viagens ou que façam teletrabalho quando puderem. Nos transportes,
prevê-se a circulação apenas de um TGV e de nenhum Intercidades. É
possível também que um em cada cinco voos
seja cancelado no aeroporto de Orly, nos arredores da
capital.
O sector de energia também se junta aos
protestos, os funcionários das empresas energéticas EDF
e Engie direccionaram cortes de energia contra os gabinetes dos
deputados, que apoiam a reforma. A greve também pode vir a ter um impacto
no reinício de certos reactores nucleares.
Nas escolas de todo o país, estima-se que
pelo menos 70% dos professores façam greve e os próprios alunos apelaram à
greve, tendo a intenção de barricar vários liceus. Também os hospitais vão
estar parados, especialmente os serviços das urgências, sobrecarregados nos
últimos meses.
O governo defende a sua reforma.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, vai testar a capacidade de levar a cabo
a sua política esta quinta-feira, com um dia de greve contra o seu
projecto de aumentar a idade legal de reforma de 62 para 64 anos,
reforma que vai provocar transtornos no
país. A primeira-ministra Elisabeth Borne vangloriou-se perante a
Assembleia Nacional deste ser "um projecto de justiça", afirmando
que "quatro em cada dez franceses, os mais frágeis, os mais modestos,
os que têm empregos difíceis, poderão sair antes dos 64 anos ". Argumentos
para tentar convencer a opinião pública.
Esse teste político para o executivo
francês acontece num contexto económico e social tenso. Os franceses
sofrem com os efeitos da inflação, de 5,2% em média em 2022, num país que
foi abalado durante o primeiro mandato de Emmanuel Macron pelas manifestações
dos "coletes amarelos" contra o aumento do custo de
vida. ANG/RFI
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