Brasil/Tribunal rejeita pedido de Bolsonaro para levantar sigilo
Bissau, 14 Abr 23 (ANG) - Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
brasileiro rejeitou quinta-feira um pedido da defesa do antigo presidente, Jair
Bolsonaro, para o levantamento do sigilo sumário imposto num caso em que o
Ministério Público Eleitoral (MPE) pede a inelegibilidade do ex-chefe do
Estado.
Os advogados disseram na
petição que "têm recebido inúmeros pedidos formulados por profissionais da
imprensa escrita e televisionada para disponibilização e acesso às alegações
finais apresentadas, para fins de contraponto jornalístico".
Segundo a equipa do
advogado Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, que foi magistrado do TSE,
"neste cenário de excepção" é necessário "o direito social à
livre e legítima informação" com "ampla divulgação" para
"conhecimento e escrutínio público".
O Juiz Benedito
Gonçalves escreve na decisão que, no que diz respeito às alegações finais e ao
parecer do MPE, o sigilo, como já explicitado, foi aplicado para proteger,
especificamente, os trechos que fizessem remissão aos documentos e depoimentos
sigilosos.
Na quarta-feira, o MPE
tinha-se pronunciado a favor de impedir Bolsonaro de disputar novas eleições
nos próximos oito anos, por lançar duros ataques contra o sistema eleitoral
brasileiro.
O Ministério Público viu
indícios de que o governante da extrema-direita cometeu "abuso de poder
político" ao semear suspeitas infundadas sobre a legitimidade das urnas
electrónicas que o Brasil utiliza em seus processos eleitorais desde 1996,
segundo o jornal O Globo.
A acção, uma das várias
movidas pelo TSE contra Jair Bolsonaro, decorre da denúncia do Partido Democrático
Trabalhista (PDT) apresentada, após reunião do então chefe de Estado com um
grupo de 40 embaixadores em 18 de Julho, na residência presidencial.
Naquela reunião,
transmitida ao vivo pelos canais oficiais, Jair Bolsonaro, já imerso na
campanha para as eleições presidenciais de Outubro de 2022, que seriam vencidas
pelo actual Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, expôs a sua
desconfiança no sistema eleitoral.
No seu discurso,
Bolsonaro insistiu, sem apresentar provas, que as eleições de 2018, que venceu,
"não foram totalmente transparentes" e também citou supostas
irregularidades ocorridas em 2014, quando a ex-presidente Dilma Rousseff foi
reeleita.
Da mesma forma,
Bolsonaro insinua que alguns dos membros da Justiça Eleitoral e do Supremo Tribunal
Federal teriam vínculos claros com a "esquerda" e os acusou de
beneficiar Lula da Silva com suas decisões.
Segundo O Globo, o
parecer do Ministério Público é a última fase da investigação judicial e há
expectativa de que o caso seja julgado entre o final de Abril e o início de
Maio.
Jair Bolsonaro, de 68
anos, voltou ao Brasil em 30 de Março, após passar três meses nos Estados
Unidos da América, para onde viajou dois dias antes do fim do mandato para
evitar a entrega da faixa presidencial a Lula da Silva na posse em 01 de
Janeiro.
Além dos processos que
tramitam na Justiça Eleitoral, o ex-presidente brasileiro é investigado numa
dezena de processos que tramitam na Justiça comum e em outros cinco no Supremo
Tribunal Federal.
Um deles investiga o assalto de milhares de “bolsonaristas” às
sedes dos três poderes em 08 de Janeiro, com a intenção de forçar um golpe de
Estado contra Lula da Silva. ANG/Angop
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