Legislativas antecipadas/Centif pede transparência sobre origem de fundos de campanhas
eleitorais
Bissau, 11 Abr 23 (ANG) – O presidente da Célula
Nacional de Tratamento de Informação Financeira (Centif) da Guiné-Bissau,
Justino de Sá, pedeu hoje mais transparência sobre a proveniência dos fundos
utilizados nas campanhas eleitorais, alertando para a necessidade de se cumprir
a lei.
“É
uma preocupação. Todos nós sabemos que durante o período da campanha os
partidos usam ou recorrem a fundos de que ninguém sabe a proveniência”, disse
Justino de Sá, em declarações à Lusa.
O
responsável pelo organismo de prevenção do branqueamento de capitais questionou
a origem dos fundos que financiam algumas “campanhas de luxo”, tendo em conta
que na Guiné-Bissau a “maior parte dos militantes não pagam quotas”.
“Ninguém
sabe a proveniência dos fundos e quando é assim é bom chamar a atenção. Pode
acontecer que os supostos financiadores podem aproveitar-se da circunstância,
sendo a Guiné-Bissau um país muito frágil, para fazer passar esses fundos de
origem supostamente criminosa”, advertiu Justino de Sá.
Para
o responsável, a Polícia Judiciária e o Ministério Público devem estar alerta,
mas também os decisores políticos.
A lei
eleitoral da Guiné-Bissau determina que o financiamento da campanha eleitoral
apenas pode ser feito através de contribuições do Estado, de partidos
congéneres, de voluntários eleitores, dos próprios candidatos e partidos
políticos e de produto de atividade da campanha eleitoral.
A lei
interdita o financiamento de campanhas eleitorais por parte de governos
estrangeiros e organizações governamentais estrangeiras.
A
mesma lei determina igualmente que as “entidades concorrentes devem, no prazo
máximo de 60 dias após a proclamação oficial dos resultados do escrutínio,
prestar contas discriminadas da sua campanha eleitoral à Comissão Nacional de
Eleições”, que as publica no Boletim Oficial, depois de apreciar a regularidade
das receitas e despesas.
“Isso
é uma da possibilidade de se controlar, mas isso não acontece no nosso país.
Quer dizer que as pessoas não estão a cumprir a lei e quem tem de exigir isso é
a CNE. A CNE é uma identidade criada pelo estado para velar o cumprimento da
lei e havendo incumprimento recorre ao Ministério Público para obrigar as
pessoas a cumprirem, porque isso é uma forma do Estado controlar a proveniência
dos fundos”, afirmou Justino de Sá.
“Nós
queremos saber a proveniência desses fundos, mas não temos instrumentos
jurídicos para fazer valer essa nossa pretensão, mas a CNE pode e terminando a
campanha os partidos têm de justificar”, insistiu o presidente da Centif.
A
Guiné-Bissau realiza eleições legislativas em 04 de junho e o início da
campanha eleitoral está marcado para 13 de maio. ANG/Lusa
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