Portugal/Número de 'desaparecidos'
angolanos e cabo-verdianos aumenta, mas controlo é difícil
Bissau, 02 Ago 23 (ANG) - Segundo os dados mais
recentes divulgados pelas autoridades portuguesas, há quase 200 angolanos e
cabo-verdianos que não se apresentaram nas dioceses onde eram esperados em
Portugal para a Jornada Mundial da Juventude.
Pelo menos cinco peregrinos angolanos já avisaram que
não querem voltar ao seu país.
Pelo menos 168 cabo-verdianos e 27 angolanos não se apresentaram
junto das suas delegações para participar na Jornada Mundial da Juventude que
decorre até Domingo, em Lisboa. As autoridades portuguesas estão a tentar
identificar estas pessoas, com a mais jovem a ter 19 anos, e lembram que todos
estão em situação regular já que beneficiam de um visto de três meses em
Portugal e noutros países da Zona Schengen.
"Há uma primeira fase de identificação das pessoas, depois
avaliação face à informação que nós temos, quais são os passos para localizar
os jovens. As pessoas têm um período autorizado, após essa fase, entrarão numa
situação irregular e aí ficam sujeitos à lei [...] Têm permanência autorizada,
apenas não sabemos onde elas estão", explicou a representante do Serviço
de Estrangeiros e Fronteiras numa conferência de imprensa aos jornalistas, em
Lisboa.
Para além destes peregrinos que não se apresentaram, muitos deles
em Leiria e outros em Porto de Mós, há pelo menos cinco cidadãos angolanos que
já manifestaram às autoridades portuguesas a vontade de permanecer em Portugal.
Caso estes cidadãos provem que estão ameaçados no seu país de origem, podem
pedir o estatuto de refugiado em Portugal ou noutro país da Zona Schengen.
O perigo da imigração ilegal é algo para o qual muitas dioceses de
países oficiais de língua portuguesa têm vindo a alertar. Frei Gilson, que
lidera a delegação de quase 700 pessoas vindas de São Tomé e Príncipe, explicou
em entrevista à RFI que é difícil fazer esse controlo, mesmo se a vigilância
foi reforçada e houve várias formações antes de partir.
"Tivemos
o cuidado de usar alguns critérios, até para dificultar aqueles que,
porventura, possam vir com a ideia de ficar. Nós tentamos fazer, mas isso não
se pode ter a certeza se vão regressar ou não porque não sabemos o que vai na
cabeça de cada um. Nós fizemos a nossa parte, tivemos seis meses de formação na
nossa diocese, para mostrar às pessoas a necessidade de vir e de voltar", explicou. ANG/RFI
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