Portugal/Papa diz que mundo
precisa de uma Europa construtora de pontes
Bissau, 02 Ago 23 (ANG) – O Papa disse hoje que o mundo, a
navegar um momento tempestuoso em que faltam “rotas corajosas de paz”, precisa
de uma Europa construtora de pontes e que “use o seu engenho para apagar focos
de guerra”.
“Na verdade, o mundo tem
necessidade da Europa, da Europa verdadeira. Precisa do seu papel de
construtora de pontes e de pacificadora no Leste europeu, no Mediterrâneo, na
África e no Médio Oriente”, afirmou Francisco, num discurso em italiano, num
encontro com autoridades, sociedade civil e corpo diplomático, no Centro
Cultural de Belém, em Lisboa, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
No seu primeiro discurso
em Portugal, aplaudido várias vezes, antecedido pelo do Presidente da
República, Marcelo Rebelo de Sousa, o chefe de Estado do Vaticano considerou
que a Europa poderá “trazer, para o cenário internacional, a sua originalidade
específica”.
E recuou ao século
passado quando, “do crisol dos conflitos mundiais, fez saltar a centelha da
reconciliação, tornando verdadeiro o sonho de se construir o amanhã, juntamente
com o inimigo de ontem, o sonho de abrir percursos de diálogo e inclusão,
desenvolvendo uma diplomacia da paz que extinga os conflitos e acalme as
tensões, capaz de captar o mais débil sinal de distensão e de o ler por entre
as linhas mais tortas da realidade”.
Na intervenção, em que a
palavra oceano, que banha a capital portuguesa, esteve sempre presente, o Papa
salientou que “no oceano da História” se está a navegar num “momento
tempestuoso e sente-se a falta de rotas corajosas de paz”.
“Olhando com grande
afeto para a Europa, no espírito de diálogo que a caracteriza, apetece
perguntar-lhe: para onde navegas se não ofereces percursos de paz, vias
inovadoras para acabar com a guerra na Ucrânia e com tantos conflitos que
ensanguentam o mundo?”, questionou.
Depois, alargou o campo,
para todo o Ocidente, perguntando que rota segue e manifestou preocupação com o
facto de, “em muitos lugares”, se investir “continuamente os recursos em armas
e não no futuro dos filhos”.
“Sonho uma Europa, coração
do Ocidente, que use o seu engenho para apagar focos de guerra e acender luzes
de esperança, uma Europa que saiba reencontrar o seu ânimo jovem, sonhando a
grandeza do conjunto e indo além das necessidades imediatas. Uma Europa que
inclua povos e pessoas, sem correr atrás de teorias e colonizações
ideológicas”, adiantou.
Antes, citou o Tratado
de Lisboa, de reforma da União Europeia, assinado em 2007, no qual se lê que “a
União tem por objetivo promover a paz, os seus valores e o bem-estar dos seus
povos”, para salientar o papel deste bloco “nas suas relações com o resto do
mundo”, contribuindo “para a paz, a segurança, o desenvolvimento sustentável do
planeta, a solidariedade e o respeito mútuo entre os povos, o comércio livre e
equitativo, a erradicação da pobreza e a proteção dos direitos humanos”.
O chefe de Estado do
Vaticano chegou hoje a Portugal para presidir à JMJ, considerado o maior evento
da Igreja Católica e que se realiza pela segunda vez num país lusófono, depois
do Brasil (cidade do Rio de Janeiro), em 2013.
ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário