COP28/
Guterres defende que acordo das indústrias de petróleo e gás é “claramente
insuficiente”
Bissau,
04 Dez 23(ANG) – O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou hoje que
os compromissos assumidos na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações
Climáticas (COP28), no Dubai, por cerca de 50 empresas de petróleo e gás “são
claramente insuficientes”.
Apesar
de reconhecer que se trata de um “passo na direção certa”, António Guterres
disse que a “Carta de Descarbonização do Petróleo e do Gás”, assinada no Dubai,
não aborda a questão fundamental do consumo de combustíveis fósseis, segundo
referiu a agência de notícias espanhola EFE.
Cerca
de 50 empresas, responsáveis por mais de 40% da produção petrolífera mundial,
comprometeram-se, por exemplo, a realizar “operações neutras em termos de
carbono” até 2050 e a reduzir as emissões de metano para quase zero.
O
metano, um potente gás com efeito de estufa, é um componente primário do gás
natural e é responsável por cerca de um terço do aquecimento global.
As
empresas petrolíferas também concordaram em adotar uma série de medidas para
reduzir as suas emissões.
“A
indústria dos combustíveis fósseis está finalmente a começar a acordar, mas as
promessas feitas são claramente insuficientes”, alertou Guterres, na sua
mensagem para a COP28, citado pela EFE.
Guterres,
que se referiu às empresas petrolíferas e de gás como os “gigantes por detrás
da crise climática”, referiu também que o acordo não clarifica o caminho para
atingir zero emissões até 2050, o que é “absolutamente essencial para garantir
a integridade”.
“A
ciência é clara: temos de eliminar gradualmente os combustíveis fósseis num
prazo compatível com a limitação do aquecimento global a 1,5 graus”, reiterou,
referindo-se a um dos principais objetivos estabelecidos pelo Acordo de Paris
de 2015.
Guterres
também apresentou um relatório na COP28, produzido pelo Gabinete das Nações
Unidas para a Redução do Risco de Catástrofes e pela Organização Meteorológica
Mundial das Nações Unidas, que mostra que mais vidas estão a ser protegidas de
fenómenos meteorológicos extremos e dos efeitos perigosos das alterações
climáticas, embora o ritmo dos progressos continue a ser insuficiente.
Até
agora, 101 países declararam ter um sistema de alerta precoce em vigor, um
aumento de seis países em relação ao ano passado e representando uma duplicação
da cobertura desde 2015.
No
entanto, de acordo com o relatório, metade dos países do mundo ainda não dispõe
de sistemas de alerta precoce adequados.
Entre
os signatários da carta constam a Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC), a
companhia petrolífera nacional de Abu Dhabi dirigida pelo presidente da COP28,
o sultão Al-Jaber, bem como grandes empresas europeias como a Repsol, a estatal
norueguesa Equinor e a francesa TotalEnergies. ANG/Inforpress/Lusa
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