Guerra Médio Oriente/Norte de Gaza não possui mais hospitais funcionais, alerta OMS
Bissau,22
Dez 23(ANG - A Organização Mundial de Saúde, OMS, alerta
que não há mais hospitais funcionando no norte de Gaza. Pacientes feridos que
precisam de cirurgia e não podem ser movidos estão “à espera da morte”.
A última avaliação grave da
Organização Mundial da Saúde, OMS, veio após equipes chegarem aos hospitais Al
Ahli Arab e Al Shifa na quarta-feira, em meio a relatos de operações terrestres
intensificadas pelas Forças de Defesa de Israel e contínuos ataques aéreos na
Faixa de Gaza, em resposta aos atos do Hamas em 7 de outubro no sul de Israel.
O coordenador de Equipes
Médicas de Emergência da OMS, Sean Casey, afirmou que os pacientes no hospital
Al Ahli Arab gritavam de dor e imploravam por água. Ele descreveu “um
lugar onde as pessoas estão esperando para morrer, a menos que possamos
movê-las para um local mais seguro onde possam receber cuidados”.
Destacando a necessidade de
aliviar a crescente crise humanitária em Gaza, o secretário-geral da ONU,
António Guterres, disse na quinta-feira que a falta de eletricidade,
combustível e telecomunicações interrompidas restringiram severamente os
esforços da ONU para fornecer ajuda vital às pessoas no enclave.
Ele adicionou que as
“condições para permitir operações humanitárias em larga escala precisam ser
restabelecidas imediatamente”.
Além disso, uma missão para
o norte de Gaza envolveu a OMS, o Escritório de Assuntos Humanitários da ONU,
Ocha, o Serviço de Ação contra Minas das Nações Unidas e o Departamento de Segurança
e Proteção da ONU. A operação garantiu a entrega de sete carregamentos de
medicamentos urgentemente necessários, fluidos intravenosos e suprimentos para
cirurgia e para tratar os feridos, juntamente com equipamentos para apoiar
mulheres no parto.
Além da entrega de
suprimentos médicos para o norte, a crescente e generalizada escassez de
alimentos e água preocupa ainda mais.
Sean Casey ainda relatou que
as pessoas pedem comida às equipes da ONU, até mesmo no hospital. “Eu andei
pelo departamento de emergência, uma pessoa com ferida aberta sangrando, uma
fratura exposta, pedem comida. Se isso não é um indicador da desesperança, eu
não sei o que é”, afirmou.
Segundo a agência de saúde
da ONU, apenas nove de 36 instalações de saúde em Gaza estão parcialmente
funcionais, todas estão localizadas no sul.
Segundo o representante da
OMS na região, Richard Peeperkorn, não existem mais salas de cirurgia no norte
devido à falta de combustível, energia, suprimentos médicos e profissionais de
saúde, incluindo cirurgiões e outros especialistas.
No hospital Al Ahli Arab,
aproximadamente 10 funcionários, todos médicos e enfermeiros em início de
carreira, continuaram a fornecer primeiros socorros básicos a cerca de 80
pacientes que agora estão abrigados em uma igreja dentro do terreno do
hospital, explicou Peeperkorn.
Um homem leva seus filhos
por terras bombardeadas na Faixa de Gaza durante a pausa humanitária temporária
Mais de um em cada quatro
lares em Gaza está enfrentando fome "catastrófica", de acordo com um
novo relatório de segurança alimentar publicado por organizações humanitárias,
incluindo o Programa Mundial de Alimentos, PMA. O levantamento ainda tem o
apoio da FAO, OMS, Pnud e Unicef.
Dados do relatório da
Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar confirmam que há um
risco de fome no enclave, a menos que o acesso a alimentos adequados, água
limpa, saúde e serviços de saneamento seja restaurado.
A plataforma analisa dados
para determinar a gravidade e a magnitude das crises de fome, de acordo com
padrões científicos internacionalmente reconhecidos.
Esses números mostram que
toda a população de Gaza, aproximadamente 2,2 milhões de pessoas, está vivendo
em níveis de insegurança alimentar aguda em crise ou piores.
Isso destaca que pouco mais
de um quarto, 26%, dos habitantes de Gaza esgotaram seus suprimentos e
capacidades de enfrentamento e agora enfrentam fome catastrófica e inanição.
A diretora executiva do PMA,
Cindy McCain, afirmou que a agência tem alertado sobre essa catástrofe há
semanas. “Tragicamente, sem acesso seguro e consistente que temos solicitado, a
situação é desesperadora, e ninguém em Gaza está a salvo da inanição”, afirmou.
De acordo com os dados, há
risco de fome nos próximos seis meses se a situação atual de conflito intenso e
acesso humanitário restrito persistir.ANG/ONU
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