Guerra Medio Oriente/OMS revela testemunhos “dilacerantes” após bombardeamento de campo de refugiados em Gaza
Bissau, 26 dez 23 (ANG) – A
Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou testemunhos “dilacerantes” que as
suas equipas recolheram no domingo, num hospital da Faixa de Gaza onde se
encontram as vítimas do bombardeamento do campo de refugiados de Al-Maghazi.
“A equipa da OMS registou testemunhos dilacerantes do pessoal médico e das vítimas sobre os sofrimentos infligidos pelas explosões”, declarou o chefe da organização da ONU, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no X (ex-Twitter).
“Uma criança perdeu toda a
sua família no ataque [israelita] sobre o campo. Uma enfermeira do hospital
teve a mesma perda, toda a sua família foi morta”, acrescentou na rede social.
Segundo ministério de Saúde
do Hamas, pelo menos 70 pessoas foram mortas num ataque na noite de domingo que
atingiu o campo de refugiados de Al-Maghazi, no centro da Faixa de Gaza. O
Exército israelita disse que iria “verificar o incidente”.
Numerosos corpos sem vida,
em sacos mortuários brancos, foram alinhados junto ao hospital Al-Aqsa, em Deir
al-Balah, centro da Faixa de Gaza, antes dos funerais, indicou a agência
noticiosa AFP.
Segundo o chefe da OMS, o
hospital indicou ter recebido uma centena de feridos após o bombardeamento.
“O número de doentes
acolhidos pelo hospital ultrapassa de longe as suas capacidades em camas e em
pessoal”, sublinhou. “Muitos não vão sobreviver à espera”.
“Este último ataque sobre
uma comunidade de Gaza demonstra por que motivo é necessário um cessar-fogo
imediato”, escreveu ainda Ghebreyesus.
Sean Casey, membro da missão
da OMS, indicou ter assistido aos cuidados fornecidos a um rapaz de 9 anos
gravemente ferido e de nome Ahmed.
“Foi simplesmente tratado
através de um sedativo para aliviar o seu sofrimento, antes de morrer”,
descreveu num vídeo registado em pleno hospital.
“Ninguém conseguiu fazer
nada por ele. Como em tantos outros casos, não existem condições para abordar
casos neurológicos complexos, casos de traumatismos complexos”, lamentou.
“As salas de operações
trabalham 24 horas sem interrupção. A sala de urgências está muito abaixo das
suas capacidades”, acrescentou este responsável da OMS. “Uma situação
inaceitável, que tem de parar”, sublinhou.
O mais recente conflito
entre Israel e o Hamas foi desencadeado após um ataque sangrento e sem
precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita em 07 de
outubro.
No total, 1.140 pessoas, na
maioria civis, foram mortas nesse dia, segundo uma contagem da agência
noticiosa AFP a partir dos últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240
civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem
em Gaza.
Em retaliação, Israel, que
prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde 07 de
outubro a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já
foram mortas de 20.600 pessoas – na maioria mulheres, crianças e adolescentes –
e feridas mais de 53 mil, na maioria civis, destruídas a maioria das
infraestruturas e perto de dois milhões forçadas a abandonar as suas casas, a
quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade. Desde 07 de outubro, mais de 300 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém leste, ocupados pelo Estado judaico.ANG/Lusa
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