Justiça/Tribunal britânico congela 670 milhões de euros
controlados por Isabel dos Santos
Bissau,21 Dez 23(ANG) - O
juiz Robert Bright, de um tribunal comercial britânico, decidiu hoje pelo
congelamento de cerca de 580 milhões de libras (670 milhões de euros)
controlados pela empresária angolana Isabel dos Santos, num processo movido
contra a Unitel International Holdings.
"Não vejo uma base
óbvia pela qual os ativos de Isabel dos Santos devam ser protegidos nesta
jurisdição; parece haver um argumento óbvio a favor de um congelamento mundial
dos seus bens", argumentou o juiz Robert Bright na decisão hoje publicada
pelo Supremo Tribunal Comercial britânico.
Em causa está o processo
movido pela Unitel, agora controlada pelo Estado angolano, contra a Unitel
International Holdings BV, com sede nos Países Baixos, e contra a empresária
Isabel dos Santos, que pedia o congelamento de 580 milhões de libras, o
equivalente a 670 milhões de euros ao câmbio de hoje.
Na decisão, o juiz afirma
que é "altamente desejável que Isabel dos Santos seja obrigada a declarar
os seus ativos, em circunstâncias em que a Unitel não sabe quais, se alguns,
ativos são detidos por ela e não estão cobertos pelas ordens de arresto ou
congelamento que já estão em vigor".
Assim, conclui, não aceita
"o princípio de que as outras ordens de congelamento de bens significam
que não é justo nem conveniente para este tribunal decidir por mais uma
ordem", como defendido pela empresária, que se diz vítima de uma
"campanha opressiva".
A decisão do tribunal
londrino surge na sequência de um conjunto de ações movidas pelo Estado
angolano e por empresas públicas e privadas contra a empresária desde que João
Lourenço tomou posse como Presidente de Angola, em 2017, e que incluíram também
outros membros da família de José Eduardo dos Santos, que governou Angola
durante quase 40 anos.
O Tribunal Supremo (TS)
angolano determinou em dezembro do ano passado o arresto preventivo dos bens da
empresária Isabel dos Santos, avaliados em mil milhões de dólares (cerca de 930
milhões de euros), nomeadamente 100% das empresas Unitel T+, em Cabo Verde, e
Unitel STP SARL, em São Tomé e Príncipe, de que a filha do antigo Presidente de
Angola José Eduardo dos Santos era beneficiária efetiva.
Segundo o despacho, entre
outras acusações, Isabel dos Santos "fez ainda transferir quantias da
Unitel SA para a entidade Unitel International Holdings BV, sociedade com sede
nos Países Baixos, constituída em 04/05/2012 e controlada pela própria Isabel
dos Santos, sua única beneficiária efetiva".
Com efeito, entre 08 de maio
de 2012 e 28 de agosto de 2013, refere-se na nota, foram celebrados sete
contratos de financiamento entre a Unitel SA e a Unitel International Holdings
BV, através dos quais a primeira emprestou à segunda o valor total de
322.979.711,00 euros e 43.000.000,00 de dólares, montantes que a empresa
beneficiária "se obrigou a restituir no prazo de 10 anos".
Tais empréstimos, "em
que Isabel dos Santos assinou os referidos contratos de financiamento, na
simultânea qualidade de legal representante de ambas empresas", permitiram
à Unitel International Holdings BV a aquisição de participações sociais ou a
constituição de sociedades no setor das telecomunicações em Portugal, Cabo
Verde (Unitel T+) e São Tomé e Príncipe (Unitel STP, SARL)", conclui-se no
despacho.ANG/Lusa
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