Itália/Governo investe 5,5 mil milhões em nova estratégia de cooperação com África
Bissau,
30 Jan 24 (ANG) – O Governo italiano reuniu 5,5 mil milhões de euros para lançar
uma nova estratégia de cooperação com África que ajude a controlar os fluxos
migratórios para Itália e para a Europa, anunciou segunda-feira a
primeira-ministra, Giorgia Meloni.
O “Plano Mattei” – nome da estratégia em homenagem a Enrico Mattei, fundador da Eni (o gigante estatal italiano da energia), que nos anos 50 defendeu uma relação de cooperação com os países africanos, que passava por ajudá-los a desenvolver os seus recursos naturais – “pode contar com 5,5 mil milhões de euros entre créditos, doações e garantias”, disse Meloni.
Este
valor total soma “cerca de 3,0 mil milhões do Fundo Italiano para o Clima e 2,5
mil milhões do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento”, detalhou a a chefe
do Governo de Itália.
A
chefe do Executivo italiano falava na abertura de uma cimeira que reúne 22
chefes de Estado e de governo africanos, líderes da União Africana (UA), da
União Europeia (UE) e das principais organizações multilaterais durante o dia
de hoje no Palazzo Madama, sede do Senado italiano, em Roma.
Um
grande centro de formação profissional para as energias renováveis em Marrocos,
projetos de educação na Tunísia e de acessibilidade sanitária na Costa do
Marfim são exemplos de “alguns dos projetos-piloto” do “Plano Mattei”, de
acordo com Meloni.
“A
partilha é um dos princípios fundamentais do ‘Plano Mattei’ e o trabalho desta
cimeira será decisivo para enriquecer esse caminho”, explicou a chefe do
Governo de extrema-direita, que mencionou ainda existência de projetos na
Argélia, Moçambique, Egito, República do Congo, Etiópia e no Quénia.
A
proposta da Itália é “tornar-se um centro natural para o abastecimento
energético de toda a Europa”, um “objetivo que, segundo Meloni, pode ser
alcançado se a energia for utilizada “como uma chave para o desenvolvimento de
todos”.
“O
interesse da Itália é ajudar as nações africanas interessadas em produzir
energia suficiente para as suas necessidades e exportar o excedente para a
Europa, combinando duas necessidades: a necessidade africana de explorar esta
produção e gerar riqueza, e a necessidade europeia de garantir novas rotas de
abastecimento energético”, esclareceu.
O
objetivo do “Plano Mattei” é construir uma nova parceria entre a Itália e o
continente africano que se estenda à UE, dando a Roma uma maior influência internacional,
nomeadamente na zona do Mediterrâneo, permitindo-lhe um maior controlo da
imigração.
A
líder de extrema-direita, que durante a campanha eleitoral que a levou ao poder
em outubro de 2022 prometeu cortar o fluxo de desembarques em Itália de migrantes
provenientes do norte de África, estabeleceu como um dos objetivos do seu
mandato reduzir a pressão migratória, que em 2023 estabeleceu um novo recorde,
com mais de 157.000 pessoas a chegarem às costas italianas.
A
Organização Internacional para as Migrações (OIM) das Nações Unidas – que
enviou a Roma a sua diretora-geral, Amy Pope – fez hoje saber, em Genebra, que
o número de mortes e desaparecidos nas rotas migratórias do Mediterrâneo
central e oriental desde o início de 2024 está já perto de uma centena.
Este
número representa o dobro do registado no mesmo período em 2023, um dos anos
com mais mortes e desaparecimentos no Mediterrâneo na última década.
O
número de mortos e desaparecidos no Mediterrâneo disparou de 2.048 em 2021 para
2.411 em 2022 e 3.041 no ano passado.
Nas
últimas seis semanas, três embarcações que transportavam um total de 158
pessoas da Líbia, do Líbano e da Tunísia terão naufragado, e a OIM contabilizou
até agora 73 dessas pessoas como desaparecidas.
O
problema da migração ocupou o centro do discurso da presidente da Comissão
Europeia no Palazzo Madama. Ursula Von der Leyen sublinhou a necessidade de se
“travar a trágica perda de vidas ao longo das rotas migratórias”, para o que é
essencial “oferecer melhores oportunidades aos jovens” neste momento de
“intensa e renovada cooperação entre África e Europa”.
“Não é apenas a geografia que nos une, mas também o compromisso de trazer benefícios mútuos a todos os nossos povos”, afirmou Von der Leyen na abertura desta cimeira Itália-África, em que participa com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsuola. ANG/Inforpress/Lusa
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