Mali/Junta militar anuncia fim do acordo de paz de Argel
Bissau, 26 Jan 24 (ANG) - A junta no poder no Mali
anunciou, na quinta-feira à noite, o “fim com efeito imediato” do acordo de paz
de Argel, assinado em 2015 com grupos independentistas do norte do país e que
era considerado como essencial para estabilizar o Mali.
O acordo de Argel, assinado em 2015 entre o governo maliano e os
grupos armados predominantemente tuaregues, tinha restabelecido a paz no norte
do Mali até à retoma de hostilidades no ano passado. Esta quinta-feira à noite,
na televisão estatal, o coronel Abdoulaye Maïga, porta-voz do governo militar,
anunciou o “fim com efeito imediato” desse acordo. O responsável falou de
“actos de hostilidade e instrumentalização do acordo por parte das autoridades
argelinas” e “mudança de postura de certos grupos signatários”.
O fim do acordo não surpreende porque acontece num ambiente de
profunda degradação das relações entre o Mali e a Argélia. Na quinta-feira, o
coronel Maïga também leu um comunicado especificamente contra a Argélia, no
qual falou “na multiplicação de actos hostis e na interferência nos assuntos
internos do Mali por parte das autoridades argelinas”. A junta militar acusa
Argel de alojar certos signatários do Acordo de 2015 que considera como
“terroristas”.
Por outro lado, o acordo já estava moribundo desde a retoma, no
ano passado, das hostilidades entre os grupos independentistas tuaregues do
Norte e o governo militar, na sequência da retirada, a pedido da junta, das
forças francesas e das forças de manutenção da paz das Nações Unidas.
Por outro lado, o acordo sofreu outro rude golpe, a 31 de
Dezembro, quando o líder da junta, o coronel Assimi Goïta, anunciou a
implementação de um “diálogo directo inter-maliano”, ou seja, sem a mediação da
Argélia.
Argel tem sido o principal mediador nos
esforços de paz entre o Mali e os rebeldes tuaregues, cuja campanha separatista
no norte lançou o país num conflito violento durante mais de uma década e abriu
caminho para o fortalecimento dos grupos jihadistas no Sahel. A violência
provocou milhares de mortos e milhões de deslocados e propagou-se ao centro do
Mali, ao Burkina Faso e ao Níger.ANG/RFI
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