Internacional/FAO
Programas de redução
da pobreza e fome consideradas eficazes
Bissau, 13 Out 15(ANG)- A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) defendeu hoje a eficácia dos
programas de proteção social para reduzir a pobreza e a fome, que permitiram
tirar 150 milhões de pessoas da extrema pobreza desde 2013.
Bandeira da FAO |
O relatório anual sobre o estado mundial da agricultura e da alimentação da
FAO, hoje divulgado em Roma, apontou que estes programas são “realmente
eficazes”.
Segundo o documento, a proteção social “não reduz o esforço laboral”, mas
incentiva o investimento na agricultura e em outras atividades económicas.
Para que estes programas tenham êxito, é importante a seleção eficaz dos
beneficiários e as transferências adequadas, de acordo com a FAO.
O organismo sublinhou que a proteção social (que incluiu assistência
social, bem-estar social e proteção do mercado laboral) não só contribui para
aumentar o consumo, mas também para elevar os rendimentos das famílias e a sua
capacidade para produzir alimentos.
Em todo o mundo estima-se que cerca de 2,1 mil milhões de pessoas – um
terço da população – recebem alguma forma de proteção social, ainda que as
diferenças sejam notáveis entre as regiões.
“A maioria dos países, incluindo os mais pobres, podem pagar programas de
proteção social potencialmente importantes na luta contra a pobreza”, referiu o
relatório, não descartando que em alguns países o apoio de doadores é essencial
a curto e médio prazo para os manter.
“Nos países em desenvolvimento, há experiências bem-sucedidas com programas
de grande escala que ajudam os mais pobres e vulneráveis, como por exemplo no
Brasil, Etiópia, Índia e México, dando um impulso à reavaliação do valor e do
papel de tais programas de combate à pobreza e à fome, bem como à desigualdade
social e política. Houve uma rápida expansão dos programas sociais e de
proteção nas últimas duas décadas”, indicou o documento.
O relatório deu como exemplo o Bolsa Família (programa de transferência de
dinheiro), que abrangeu cerca de 14 milhões de famílias em 2015, correspondendo
a 24,5% da população do Brasil, e citou as políticas afirmativas para combater
a desigualdade de género, que atingem as mulheres, nas zonas rurais.
Com o objetivo de romper o círculo vicioso da pobreza, a organização
promove os programas dirigidos às mulheres para que estas disponham de mais
tempo e reforcem o seu controlo sobre os rendimentos, tendo em conta que “a má
nutrição materna e infantil perpetua a pobreza de uma geração para a outra”.
Além disso, apela ao aumento do poder de compra dos lares beneficiários com
transferências de dinheiro, sublinhando que pode ainda haver necessidade de
programas complementares para evitar outros obstáculos na produção local, como
a inflação.
“A proteção social por si só não é suficiente para tirar as pessoas da
pobreza”, segundo o relatório, que aponta a coordenação destas medidas com o
gasto público em programas agrícolas para melhorar o desenvolvimento rural e
conseguir um crescimento económico inclusivo.
A mobilização permanente dos recursos e o compromisso dos países são
necessários para apoiar uma ação coordenada a nível nacional e subnacional,
segundo a FAO, que admite que esse tipo de intervenção depende do contexto e
das dificuldades.
Mil milhões de pessoas continuam a ser muito pobres e há ainda outros mil
milhões de pobres no mundo, sobretudo em zonas rurais, e apesar de a pobreza
extrema ter diminuído em muitas regiões como na Ásia oriental e no Pacífico, na
África subsaariana avançou-se muito pouco nesta questão.
Um total de 72 dos 129 países estudados pela FAO alcançou a meta dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milénio da ONU que correspondia a reduzir para
metade da prevalência da subalimentação para 2015.
Agora que a nova agenda de desenvolvimento pretende a erradicação total da
pobreza e da fome, a ONU recomenda aumento a proteção social e os investimentos
nos mais pobres, o que custaria 267 mil milhões de dólares (234,7 mil milhões
de euros) anuais até 2030.
ANG/SG
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