quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Registo de nascimentos


“Apesar do aumento significativo de registos , um quarto das crianças do mundo mantém-se invisível”, diz UNICEF 

Bissau, 11 dez 19 (ANG) – O número de crianças com  nascimento  oficialmente registado registou  um aumento de cerca de 20 por cento no mundo, contudo, 166 milhões de crianças, com menos de cinco anos, ou seja, 1 em cada 4, ainda continuam sem registo, revela  novo relatório do Unicef, lançado hoje, por ocasião do 73º aniversário da organização.

O relatório “Registo de Nascimento para Cada Criança até 2030: Estamos alinhados?” – que analisa dados de 174 países – mostra que a proporção de crianças com menos de cinco anos, registadas mundialmente aumentou cerca de 20%, quando comparada com a de os últimos  10 anos  – aumentando de 63% para 75%.

“Progredimos bastante, mas ainda há muitas crianças que escapam, não foram contabilizadas e não incluídas,” disse a Diretora-Executiva do UNICEF, Henrietta Fore.

Sustentou   que  uma criança não registada ao nascer é invisível – “não existe aos olhos do governo ou da lei”, e que sem prova de identidade, “as crianças são frequentemente excluídas do acesso à educação, cuidados médicos e outros serviços essenciais, vulneráveis à exploração e abuso.”

O processo global  regista avanços  na Ásia do Sul, particularmente no Bangladesh, India e Nepal, mas também em África Ocidental e Central, onde o registo de crianças com menos de cinco anos teve um aumento de 41% para 51% em 10 anos, apesar dos diversos desafios que a região está a enfrentar.

No país mais populoso de África, a Nigéria, a proporção de crianças cujo nascimento foi oficialmente registado aumentou de 30% em 2008 para 43% em 2018, o que demonstra o valor da integração do registo de nascimento nos serviços de saúde.

Segundo o relatório , países franco-africanos como o Benim, o Congo e a Guiné-Conacri também tiveram um progresso sólido no melhoramento das taxas de registo de nascimento nacional.

“O registo de nascimento na África Ocidental e Central manteve-se estagnado por muito tempo, deixando milhões de crianças sem o seu direito básico: a identidade legal. Esta situação tem vindo a alterar e mais de milhares de crianças são agora registadas ao nascer”, disse Marie-Pierre Poirier, a Diretora Regional do UNICEF para a África Ocidental e Central.

Com o apoio do UNICEF, e sob a liderança da União Africana e dos governos nacionais, os países investiram na integração do registo de nascimento em plataformas de saúde e imunização para estender a cobertura à acessibilidade de serviços e alcançar até as populações mais vulneráveis.

Esta simples alteração no método de serviço, segundo o relatório, é não só de custo reduzido, mas também eficaz no aumento nacional das taxas de registo de nascimento, contribuindo para o progresso da região no seu todo.

Quanto a Guiné-Bissau, o relatório realça a integração gradual dos serviços de registo de nascimento nas estruturas de saúde, com o apoio do UNICEF e Fundo das Nações Unidas para a Consolidação da Paz.

Atualmente, 20 unidades de registo de nascimento encontram-se operacionais em todos os hospitais nacionais e regionais e também em alguns centros de saúde, e a extensão da iniciativa à novas unidades e centros de saúde continuará.

“Simultaneamente, as iniciativas de registo nas comunidades têm sido amplamente promovidas, por forma a levar os serviços de registo de nascimento às comunidades. Desde 2017, mais de 50,000 crianças Guineenses beneficiaram destas duas iniciativas”, refere o Unicef.

No entanto, prossegue o Unicef, é necessário que estes esforços continuem a fortalecer a colaboração com outros setores do governo, sobretudo o da educação, e que abordem os desafios que continuam a dificultar o registo de crianças após o seu nascimento, especialmente o facto de muitas famílias residirem em áreas rurais e remotas, onde os serviços não funcionam.

Apesar dos progressos verificados ao nível global, o Unicef revela que  a maioria dos países na África subsariana está atrasada em comparação com o resto do mundo e que algumas das taxas mais baixas de registo são encontradas no Chade (12%) ou na Guiné-Bissau (24%), onde o governo aprovou o Plano Nacional de Ação de Registo Civil e Estatísticas Vitais em 2019, e está a mobilizar parcerias e fundos para a sua implementação.

“Se quiserem realmente alcançar a meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável para fazer toda e cada criança contar, os governos devem aumentar soluções viáveis para melhorar o registo de nascimento”, salientou Marie-Pierre Poirier.

Os obstáculos globais ao registo identificados peça agência das Nações Unidas que protege as crianças, incluem a falta de conhecimento em como registar o nascimento da criança, custos inacessíveis do registo de nascimento ou para a aquisição da certidão de nascimento e a distância em relação ao centro de registo mais perto.

 Costumes e práticas tradicionais em algumas comunidades – tais como mães recentes manterem-se no interior, ou a impossibilidade de mães solteiras registarem as suas crianças – são também outros obstáculos.


Mesmo quando o nascimento das crianças é registado, a posse da certidão de nascimento é menos comum, com globalmente 237 milhões de crianças com menos de cinco - ou um pouco mais do que 1 em cada 3 –  a não dispor desta prova oficial de registo.

Em Registo de Nascimento para Cada Criança até 2030, o UNICEF apela a cinco ações para a proteção dos menosres: Providenciar a cada criança uma certidão após nascimento;
Empoderar todos os pais, incluindo pais solteiros, independentemente do seu género, a registar as suas crianças após nascimento e de graça no primeiro ano de vida;interligar o registo de nascimento a serviços básicos, particularmente à saúde, proteção social e educação, como um ponto de entrada para o registo; investir em soluções tecnológicas seguras e inovadoras para permitir a cada criança de ser registada, incluindo em zonas de acesso difícil e  engajar comunidades para exigir o registo de nascimento para cada criança.

“Toda a criança tem direito a um nome, nacionalidade e identidade legal, por isso qualquer progresso em relação ao aumento dos níveis de registo são boas notícias,” disse Fore.

 “Mas, como acabámos de celebrar o 30º aniversário destes direitos – tais como como consagrados na Convenção sobre os Direitos da Criança – não devemos parar até que cada criança seja contabilizada”, rematou. ANG//SG

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