"Conversão
ecológica" e justiça social são destaques de mensagem de fim de ano
Bissau,
13 dez 19 (ANG) - O papa Francisco
clamou pela redução das desigualdades e condenou as guerras, além de pedir uma
saída para as mudanças climáticas em sua mensagem para o início de 2020,
divulgada nesta quinta-feira (12) pelo Vaticano.
O texto do pontífice argentino, que será
lido em todas as paróquias do mundo por ocasião do Dia Mundial da Paz, em 1º de
janeiro, é uma análise aprofundada da situação mundial, congregando todos os
temas contemporâneos, já reivindicados por ele em outros pronunciamentos.
O líder da Igreja Católica explica no
documento as razões pelas quais os fiéis devem se engajar contra todas as
guerras e a favor do desarmamento nuclear e da defesa do meio ambiente.
"O abismo entre os membros de uma
sociedade, o aumento das desigualdades sociais e a recusa em usar as
ferramentas para o desenvolvimento humano integral comprometem a busca pelo bem
comum", afirmou o papa em uma das mensagens mais fortes de seu
pontificado, em que ele retoma grande parte dos assuntos discutidos durante o
ano.
"A guerra é nutrida pela perversão
dos relacionamentos, das ambições hegemónicas, dos abusos de poder, do medo do
outro e da diferença vista como obstáculo; e ao mesmo tempo alimenta tudo
isso", diz Francisco no documento.
Na mensagem, divulgada com antecedência
para ser lida e estudada por padres em todos os continentes, Francisco reitera
sua forte posição contra as injustiças sociais em todos os cantos do planeta.
"Nunca haverá uma verdadeira paz a menos que consigamos construir um
sistema econômico mais justo", reiterou.
O primeiro pontífice latino-americano, que
conhece esse problema de perto, embora não se refira diretamente ao ano marcado
pelos protestos na América Latina e no Caribe contra as desigualdades, anuncia
que a igreja está comprometida com a busca de "uma ordem justa”.
O papa argentino também citou o sínodo na
Amazônia, realizado em outubro no Vaticano, no qual a igreja declara que quem
devasta a natureza está pecando. "Precisamos de uma conversão
ecológica", disse o papa, que condena "a falta de respeito pela casa
comum, a exploração abusiva dos recursos naturais, vista como ferramentas úteis
apenas para benefício imediato, sem respeito pelas comunidades locais, pelo bem
comum e por natureza ", escreveu ele.
Em sua mensagem, Francisco novamente
condenou a ideia de que a posse da bomba atômica fosse desenvolvida como
dissuasão a possíveis ataques, como já o havia dito em recente viagem ao Japão.
"Não podemos afirmar que manteremos a
estabilidade no mundo com medo de aniquilação, em um equilíbrio altamente
instável, suspensos à beira do abismo nuclear", afirmou.ANG/RFI
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