França/ Air France e Airbus acusadas
de "homicídios involuntários"
Bissau, 13 Out 22 (ANG) - O processo contra a companhia aérea francesa Air France e contra o
construtor, Airbus, decorre em Paris desde segund-feira, volvidos mais de 13
anos despois do desaparecimento , no meio do Oceano Atlântico, do Airbus A330
que assegurava a ligação Rio de Janeiro-Paris.
Uma “luz ao fundo do túnel” para as
famílias das 228 vítimas mortais da queda do AF447, depois de uma longa batalha
de inspeções e perícias desde o acidente que aconteceu a 1 de Junho de 2009.
Em 2019, a justiça francesa considerou que
não houve negligência e arquivou o processo, todavia a decisão acabou por ser
revogada, em recurso, pelo Tribunal da Relação, dois anos mais tarde, reabrindo
o processo onde Airbus e a Air France são acusadas de "homicídios
involuntários".
As perícias realizadas às caixas negras do
aparelho, encontradas depois de dois anos de buscas a 4.000 metros de
profundidade, concluíram que os pilotos não reagiram como deveriam. O
congelamento das sondas de velocidade implicou uma desregulação das medidas de
velocidade do Airbus A330 e impediu os pilotos de fazer a leitura correcta e de
dar a resposta adequada à tempestade equatorial.
A desorientação acabou por fazer com que
os pilotos não conseguissem evitar a queda do aparelho. O Airbus A330 caiu
depois de uma série de incidentes técnicos que resultaram na perda de
sustentação da aeronave. Os 226 passageiros a bordo e os 12 membros da
tripulação morreram. Foi o acidente mais mortífero da história da companhia
francesa.
A batalha das perícias acabou por resultar
na responsabilização da Air France e da Airbus neste drama, primeiramente
absolvido de culpa na justiça, antes do Tribunal de Recurso considerar que
companhia aérea e constructor falharam na medidas necessárias de informação e
de formação dos pilotos para reagirem perante este problema conhecido.
O BEA (Gabinete de Inquérito e Análises
para a Segurança da Aviação Civil) acabou mesmo por revelar que a Air France se
havia pronunciado sobre as falhas das sondas Pitot, fabricadas pela Thalès para
medir a velocidade em voo, e que tinha começado a receber um novo modelo menos
suscetível aos problemas de congelamento a alta altitude, isto precisamente no
momento em que o acidente aconteceu.
É precisamente esta questão que estará no
cerne deste processo que hoje reabre em Paris.
Esta é a primeira vez que a
responsabilidade colectiva de um empresa francesa é colocada em causa num
processo por "homicídios involuntários" após a queda de um avião.
Air France e Airbus apenas correm o risco
de indemnização caso a justiça comprove a pena penal da parte destas
empresas.
A Air France prometeu "continuar a
demonstrar que não cometeu qualquer culpa criminal na origem do acidente"
e a Airbus também contesta qualquer irregularidade.
O julgamento deve terminar a 8 de
Dezembro. ANG/RFI
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