Etiópia/União Africana apela ao reforço da cooperação com a SADC em Moçambique
Bissau, 20 Fev 23 (ANG) - Os países africanos felicitaram na noite de domingo,
no fim da 36ª Cimeira da União Africana, a actuação das forças da Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral (SADC) que combatem os terroristas em Cabo
Delgado, apelando a um maior investimento da comunidade internacional na força
SAMIM, que engloba tropas de Angola, Botswana, República Democrática do Congo,
Lesoto, Malawi, África do Sul, Tanzânia e Zâmbia que actuam ao lado das forças
moçambicanas.
"Estamos muito orgulhosos da missão
SAMIM em Moçambique, que actua em Cabo Delgado, nós também estamos a mobilizar
as organizações internacionais, nomeadamente a ONU e outros parceiros de
desenvolvimento para apoiarem esta missão de paz. Precisamos trabalhar juntos
para travar o terrorismo e extremismo no Sul de África",
declarou Bankole Adeoye, comissário de Assuntos Políticos, Paz e
Segurança, em declarações aos jornalistas durante uma conferência de imprensa
na sede da União Africana.
Pouco tempo depois, foi a vez
do presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, afirmar
na conferência de imprensa de encerramento que missões como as de Moçambique
têm de ser custeadas pela comunidade internacional como aconteceu na Síria ou
Iraque no combate ao Estado Islâmico.
"O extremismo violento é uma realidade
em África, no Sahel, junto ao lago Chade, no Corno de África, em Moçambique e
mesmo no Leste do Congo. São ameaças à paz e à segurança internacionais. Os
Estados africanos fazem os seus esforços, com meios rudimentares, mas até agora
não tivemos financiamento das Nações Unidas para fazer estas missões",
declarou o líder da União Africana.
Em declarações à RFI, Filipe Nyusi disse
em Addis Abeba que vinha à procura de "solidariedade" para o combate
ao terrorismo e a União Africana quer intensificar esta ajuda, com o Fundo de
Paz para África a ter cerca de 300 milhões de euros para financiar missões
militares. No entanto, Mahamat indicou que esta quantia não chega.
"As missões de paz custam muito
dinheiro, já estamos a financiar algumas missões, mas achamos injusto porque
contra o Estado Islâmico foi a comunidade internacional que financiou essa luta
na Síria ou no Iraque, com coligações, com milhões. Nós temos muita dificuldade
a que a comunidade internacional nos ajude", lamentou.
Na assembleia, perante as delegações dos
55 países da União Africana, João Lourenço, Presidente de Angola, declarou que
o modelo das missões da SADC pode ser utilizado noutras circunstâncias, mas que
precisa de maior financiamento.
"O panorama em Moçambique é mais
estável e tranquilo por força da pronta reacção da SADC. [...] Este é um
mecanismo que se vai revelando eficaz e necessário pelo que deve merecer todo o
nosso apoio político, logístico, financeiro e outros, porque poderá ser útil em
situações futuras", disse João Lourenço.
Mesmo se na União Africana a força da SADC
foi elogiada, em Moçambique continua a haver reticências sobre a presença de
forças estrangeiras, desde a sua chegada, há relatos de casos de violência
contra civis, com as forças ruandesas, que actuam em cooperação com a SADC a
serem acusadas de grande brutalidade contra civis e terroristas. ANG/RFI
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