segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Etiópia/Líderes da União Africana aprovam declaração para recuperar programas de vacinação

Bissau, 20 Fev 23(ANG) – Os líderes africanos decidiram no domingo adoptar medidas para melhorar a imunização de todo o continente, após as interrupções causadas pela covid-19, que suspenderam programas de vacinação infantil e aumentaram surtos de doenças evitáveis através de vacinação.

Num evento à margem da 36ª conferência dos chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA), que decorria em Adis Abeba, os líderes aprovaram uma declaração para “impulsionar a recuperação da imunização de rotina em África”.

A declaração, referem os líderes da UA em comunicado hoje divulgado, visa “revitalizar o acesso universal de todas as populações à imunização para reduzir a mortalidade, a morbidade e a incapacidade e, consequentemente, ajudar os Estados-membros a alcançar os ODS [objectivos de desenvolvimento sustentável] em termos de saúde e as metas económicas e de desenvolvimento”.

Um total de 8,4 milhões de crianças em África — entre 18 milhões em todo o mundo – ficou de fora dos serviços de imunização em 2021, segundo estimativas da Unicef e Organização Mundial da Saúde (OMS) hoje avançadas em comunicado.

O acesso aos serviços de imunização é particularmente difícil nas comunidades pobres e marginalizadas ou nas que estão vulneráveis devido a conflitos ou para aqueles que vivem em ambientes frágeis, lembra a OMS.

Segundo a organização internacional, a vacinação relativa a muitas doenças evitáveis está, no continente africano, muito abaixo da faixa dos 90 a 95% necessários para manter África livre dessas doenças.

Em 2021, a cobertura média de vacinação contra o sarampo foi de 69%, enquanto a que visa difteria-tétano-tosse convulsa foi de 82,5% e a da terceira dose contra poliomielite foi de 81,5%.

Regressar “à Declaração de Adis Abeba sobre Imunização aprovada pelos chefes de Estado na 28ª cimeira da União Africana [dá] aos líderes africanos um mandato para garantir financiamento sustentável que aumente o acesso à imunização e trabalhe com as comunidades para fortalecer os sistemas de imunização de todo o continente”, afirmou a comissária da UA para Saúde, Assuntos Humanitários e Desenvolvimento Social, Minata Samate Cessouma.

“Podemos acabar com as doenças evitáveis por vacinas e salvar muito mais vidas. Isto é essencial para conseguirmos ter comunidades saudáveis e prósperas, conforme a premissa da Agenda 2063 da UA: A África que Queremos”, acrescentou, em comunicado.

A declaração de hoje exorta os países a manter a imunização no centro das atenções enquanto se recuperam da pandemia de covid-19 e a vacinar todas as crianças que ainda não foram protegidas.

Os chefes de Estado também pedem aos vários países que “ajam rapidamente” para impulsionar os esforços de erradicação da poliomielite e usar as lições aprendidas com o programa contra a poliomielite para aumentar as capacidades de imunização de rotina em todo o continente.

“A imunização salva vidas e é um dos melhores investimentos em saúde que o dinheiro pode comprar”, defendeu o director regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, citado no mesmo comunicado.

“A pandemia da covid-19 teve um impacto devastador nos esforços de imunização em África e tornou crítico recuperar do atraso e voltar ao normal”, considerou.

Em África, as doenças imuno-preveníveis são responsáveis por 93% dos surtos de doenças infecciosas em curso.

Actualmente, surtos de doenças evitáveis através de vacinação afectam 31 países do continente, 17 dos quais registam mais do que um surto destas doenças.

“Sem vontade política renovada e esforços imediatos e intensificados, estima-se que a cobertura vacinal não retornará aos níveis de 2019 até 2027”, considera a unidade da OMS para África.

A declaração apela ainda às comunidades económicas regionais africanas, às organizações de saúde e ao Banco Africano de Desenvolvimento para apoiarem a iniciativa.

Além disso, exorta os fabricantes a melhorar o acesso às vacinas e pede à Unicef e à OMS para ajudarem os países a monitorizarem a evolução da imunização.

ANG/Inforpress/Lusa

 

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