Brasil/Bolsonaro diz que presos nos ataques estão a ser “tratados como terroristas”
Bissau, 28 Fev 23 (ANG) – O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro afirmou que a justiça está a tratar “como terroristas” as cerca de 900 pessoas que permanecem em prisão devido ao ataque às sedes dos três poderes em Brasília.
“No Brasil, tudo passou
a ser ‘fake news’, atentado contra o Estado Democrático de Direito (…) Vão
completar dois meses com 900 pessoas presas, tratadas como terroristas”,
afirmou Bolsonaro, durante um evento no estado norte-americano da Florida.
“Não foi mostrado,
quando foram presas, um canivete sequer com elas e estão presas. Chefes de
família, senhoras, mães, avós”, frisou.
O ex-presidente
brasileiro brincou ainda com o facto de apelidarem os ataques de “capitólio
brasileiro”, numa referência ao ataque ocorrido no dia 06 de janeiro de 2021,
em Washington, no qual apoiantes do ex-presidente norte-americano Donald Trump
protestavam contra o resultado da eleição presidencial vencida por Joe Biden.
“Quem está preso aqui no
Capitólio americano? A grande maioria está solta, está respondendo ao devido
processo. No Brasil não”.
“A grande maioria não
estava sequer na Praça dos Três Poderes naquele fatídico domingo”, disse, sem
apresentando quaisquer provas que corroborassem estas afirmações.
O antigo presidente, que
solicitou um visto turístico que lhe permitiria permanecer mais seis meses nos
EUA, foi incluído na lista do Supremo Tribunal das pessoas sob investigação por
alegadamente "incitar" os seus seguidores mais radicais a atacar
instituições.
O capitão reformado do
exército tem tentado distanciar-se das acusações, enquanto as autoridades
brasileiras têm vindo a apertar o cerco contra si.
Primeiro, um projeto de
decreto presidencial para um golpe foi encontrado na casa do seu antigo
ministro da Justiça Anderson Torres, preso pela sua alegada "omissão"
no assalto à capital do país como secretário de segurança de Brasília.
O texto, não assinado
por Bolsonaro, teria permitido a intervenção do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) e a anulação dos resultados eleitorais.
Em segundo lugar, o
testemunho de um senador que denunciou um bizarro golpe de Estado envolvendo
Bolsonaro, incluindo um plano de conspiração contra o presidente do TSE e juiz
do Supremo Tribunal, Alexandre de Moraes, está a ser investigado.
As investigações estão
em curso desde 08 de janeiro, quando uma multidão de radicais invadiu e
destruiu os edifícios presidenciais, do Congresso e do Supremo Tribunal em
Brasília, numa tentativa de golpe contra Luiz Inácio Lula da Silva.
ANG/Lusa
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