Rússia/Putin acusa Ocidente de querer acabar com a Rússia "de uma vez por todas"
Bissau, 22 Fev
23 (ANG) - A três dias de se completar um ano de guerra na Ucrânia, o Presidente
russo proferiu, na manhã de terça-feira, um discurso dirigido à nação, perante
as duas câmaras do Parlamento russo.
A alocução
acontece um ano depois de ter reconhecido a independência das regiões de
Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia.
Para Vladimir
Putin, o Ocidente pretende acabar com a Rússia de uma vez por todas.
"As elites ocidentais não escondem
que o seu objectivo é impor, como dizem 'uma derrota estratégica à Rússia'. O
que é que isto significa? Que significa para nós? Isto quer dizer: acabar
connosco de uma vez por todas. Ou seja eles têm a intenção em transformar um
conflito local num confronto global. É assim que o entendemos e reagiremos em
consequência disso porque, neste caso, estamos a falar da existência
do nosso país", começou por dizer o chefe de Estado russo.
Depois, Vladimir Putin garantiu ser
impossível derrotar a Rússia no campo de batalha: "Os países ocidentais
bem sabem que é impossível derrotar a Rússia no campo de batalha. Por
conseguinte levam a cabo uma guerra da informação, uma ofensiva da informação
cada vez mais agressiva contra nós."
Durante a sua alocução, que durou
uma hora e 45 minutos, o Presidente russo prometeu dar continuidade à sua ofensiva na Ucrânia e não
mostrou qualquer sinal de uma desescalada da tensão.
Passo a passo, com cuidado e consistência,
vamos resolver os obstáculos que enfrentamos", referiu o chefe de Estado
russo.
Vladimir Putin garantiu ainda que
tentou resolver o conflito de forma pacífica, mas que as ações da
Rússia acabaram por não ser bem sucedidas.
O Presidente russo anunciou ainda durante
o discurso, que Moscovo iria suspender a sua participação no acordo New Start, um pacto sobre o
desarmamento nuclear, assinado a 8 de Abril de 2010, em Praga, por Barack Obama e Dmitri Medvedev.
Este é o último acordo, em vigor, em
matéria de desarmamento nuclear firmado entre a Rússia e os Estados Unidos da América.
A Rússia garantiu estar pronta para retomar os testes de armas nucleares,
caso os Estados Unidos também o decidirem fazer. Caso este objetivo vá para a
frente, será quebrado um perigoso 'pacto de paz' que vigora desde a Guerra
Fria. Esta atitude aumentará, ainda mais, a escalada de tensão entre Moscovo e Washington.
Jens Stoltenberg, secretário-geral da Organização do Tratado do
Atlântico Norte, já reagiu às
declarações de Putin e lamentou esta
decisão, referindo que a Rússia é o país agressor.
"Ninguém está a atacar a Rússia. A
Rússia é o agressor. A Ucrânia é vítima de agressão e estamos a apoiar o
direito da Ucrânia à autodefesa, um direito que está consagrado na Carta das
Nações Unidas. Foi o Presidente Putin que iniciou esta guerra imperial de
contestação. É Putin que continua a escalar a guerra", disse, numa
conferência de imprensa, rm Bruxelas.
Stoltenberg evidenciou ainda que Moscovo não está a dar quaisquer sinais de
estar a "preparar-se para a paz" e disse que o mundo se tornará num local mais perigoso devido à
ameaça nuclear.
"Mais armas nucleares e menos
controlo de armas torna o mundo mais perigoso", salientou Stoltenberg.
Vladimir Putin confirmou, esta
terça-feira, que as próximas
eleições (regionais e presidenciais) terão lugar em 2024, de acordo com a legislação
e regulamentos em vigor, não
excluindo uma possível recandidatura ao cargo de Presidente da
República, nesse mesmo ano.
O Presidente russo anunciou ainda a criação de um fundo estatal para ajudar as famílias das pessoas que morreram duranta a guerra e prometeu uma ajuda por parte do Estado às empresas privadas. ANG/RFI
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