Angola/Conselho Superior da Magistratura Judicial acusa PGR de buscas ilegais
Bissau, 14 Mar 23 (ANG) – O Conselho Superior da Magistratura Judicial de Angola (CSMJ) acusou a Procuradoria-Geral da Republica (PGR) de realizar buscas ilegais no seu edifício e no do Tribunal Supremo e vai analisar o assunto.
Numa nota divulgada após
uma sessão extraordinária deste órgão realizada na segunda-feira, o CSMJ diz
ter tomado conhecimento de “diligências de revista, busca e apreensão,
realizadas nos edifícios do Tribunal Supremo e do CSMJ ordenadas pelo
Ministério Público, sem que para o efeito tivessem sido observados os
formalismos legais”.
O caso foi noticiado na
sexta-feira pelo site Club-K, segundo o qual terão sido realizadas buscas de
âmbito financeiro, informação que a Lusa tentou confirmar junto da PGR sem
obter respostas.
Segundo a Rádio Nacional
de Angola (RNA), que cita fonte da PGR, as diligências visaram a fechadura do
gabinete do Juiz Presidente Joel Leonardo, “considerada milionária”, e os
técnicos da PGR terão sido impedidos de realizar o seu trabalho por,
alegadamente, não terem autorização.
Joel Leonardo tem sido
alvo de denúncias na imprensa e nas redes sociais, entre as quais pagamentos
milionários a empresas de membros da família, incluindo um milhão de kwanzas
(mais de 1.800 euros) pela troca de uma fechadura, feita por uma empresa ligada
a um sobrinho.
Nem a PGR nem o Tribunal
Supremo se pronunciaram oficialmente sobre as suspeitas.
Na nota à imprensa, o
CSJM, o órgão responsável pela gestão e disciplina dos magistrados judiciais
que, tal como o Tribunal Supremo, é presidido por Joel Leonardo, reafirma o seu
“dever de cooperação com qualquer instituição desde que sedimentada na
Constituição e na lei”.
O CSJM sublinha que os
tribunais “são órgãos de soberania”, pelo que quaisquer diligências estão
sujeitas “a certos formalismos legais que, devem ser rigorosamente cumpridos”.
“Face à gravidade do
ato, o CSMJ deliberou criar uma comissão de trabalho que irá analisar o assunto
no prazo de 48 horas”, conclui o comunicado.
O Club-K adianta que
Joel Leonardo terá criado obstáculos ao trabalho dos técnicos da PGR, alegando
que “para o seu nível — qualidade de presidente do Supremo —, o documento teria
de estar assinado pelo próprio procurador-geral, Hélder Fernando Pitta Gróz,
invocando equiparação da hierarquia”.
No decorrer dos
trabalhos, foram seladas algumas salas, como a da contabilidade e do secretário
executivo do CSMJ, mas os técnicos da PGR ficaram sem saber qual era
exatamente o gabinete de trabalho de Joel Leonardo, uma vez que os funcionários
foram instruídos a não dar informações, revela o Club-K. ANG/Lusa/fim
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