Nigéria/Chefe de Estado felicita eleição do candidato do seu partido
Bissau, 01 Mar 23 (ANG) - O Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, saudou hoje a vitória do candidato presidencial do seu partido, Bola Tinubu, considerando que "o povo falou", horas depois do anúncio oficial dos resultados, contestados pela oposição.
"Felicito Bola
Ahmed Tinubu pela sua vitória. Uma vez eleito pelo povo, ele é a melhor pessoa
para o cargo. Vou agora trabalhar com ele e com a sua equipa para assegurar uma
entrega ordenada do poder", escreveu Buhari na sua conta na rede social
Twitter.
"Após um grau de
polarização que necessariamente acompanha qualquer eleição, é agora tempo de
nos unirmos e agirmos responsavelmente", afirmou ainda, numa mensagem
implícita à oposição, que denunciou a alegada fraude "generalizada"
que marcou o sufrágio.
"Não minem a
credibilidade da CENI [Comissão Eleitoral Nacional Independente). Avancemos agora
unidos. O povo falou", reforçou o chefe de Estado cessante, que pediu aos
candidatos que "sentissem a necessidade de contestar esta eleição (...)
que fossem a tribunal e não para a rua", recordando a "promessa de
paz" que todos "assinaram poucos dias antes das eleições".
Buhari, com 80 anos, entrega o poder ao fim de um período dois mandatos
consecutivos, como determinado pela Constituição do país.
O chefe de Estado
reconheceu falhas no processo eleitoral, nomeadamente na transmissão
electrónica dos resultados, que estava a ser testada pela primeira vez a nível
nacional.
Muitos observadores
nacionais e estrangeiros lamentaram estas "deficiências", assim como
a falta de "transparência", que para Buhari, não constituem um
"problema" suficientemente importante para afectar a
"legalidade" das eleições.
Mais de 87 milhões de
eleitores foram chamados às urnas no sábado e a votação foi geralmente calma.
Na terça-feira à noite,
a CENI declarou Bola Tinubu "vencedor e eleito" na contenda
presidencial, com mais de 8,8 milhões de votos, ganhando uma das eleições mais
disputadas da história democrática da Nigéria, contra os seus dois principais
concorrentes.
Bola Tinubu, com 70
anos, antigo governador de Lagos (1999-2007) foi a cara escolhida para
representar o partido no poder. Apelidado de "padrinho" e
"criador de reis", devido à imensa influência no seio do Governo,
este ioruba (grupo étnico maioritário do sudoeste), de fé muçulmana,
comprometeu-se ao longo da sua campanha a expandir à Nigéria os sucessos de
desenvolvimento alcançados enquanto liderou os destinos da capital económica do
país.
Homem de negócios rico,
Bola Tinubu subiu nas fileiras políticas do APC sob acusações de corrupção, mas
nunca foi condenado.
Tinubu recebe de Buhari a dura tarefa de dar a volta ao gigante africano de
língua oficial inglesa, pressionado por uma economia anémica, violência
recorrente por grupos extremistas e máfias, e o empobrecimento generalizado da
população.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Inter
no Bruto (PIB) do país
deverá subir este ano 3,2% para uns impressionantes 574 mil milhões de dólares
(541,8 mil milhões de euros), não obstante, o défice orçamental se ter
aproximado dos 5% em 2022 e prevê-se que mais de 40% do orçamento da
Administração Buhari para 2023 seja financiado pela dívida.
Por outro lado, embora a economia nigeriana tenha recuperado após os anos
difíceis da covid-19, crescendo 3,5% nos três primeiros trimestres de 2022, a
recuperação económica foi acompanhada pelo acréscimo de dificuldades entre os
nigerianos, porque os principais motores do crescimento do país - produção de
petróleo e serviços - não beneficiam a maioria da população em termos de
empregos e oportunidades de negócio.
A taxa de desemprego na Nigéria é de cerca de 33%, número que apenas reflecte
aqueles que procuram activamente emprego, e entre os jovens é ainda mais
dramática, está agora nos 43%, sendo que se encontrava abaixo dos 10% antes de
Buhari chegar ao poder em 2015. ANG/Angop
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