China/Demitido o chefe da diplomacia que estava desaparecido há um mês
Bissau, 25 jul 23 (ANG) – O
ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Qin Gang, que estava desaparecido
de cerimónias públicas há um mês, foi hoje demitido e substituído pelo seu
antecessor, Wang Yi, divulgaram os ‘media’ estatais.
A decisão terá sido adotada
durante uma sessão do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (o parlamento
chinês), de acordo com a agência noticiosa estatal chinesa Xinhua, que
acrescentou que o governador do Banco Central, Yi Gang, também foi afastado de
funções, sendo substituído por Pan Gongsheng.
Qin Gang não aparecia em
público desde o passado dia 25 de junho, dia em que se reuniu na capital
chinesa com responsáveis do Sri Lanka, Rússia e Vietname, e, desde então, tem
estado ausente de vários eventos diplomáticos, suscitando variadas especulações
sobre o seu paradeiro e sobre a sua situação.
O Ministério dos Negócios
Estrangeiros não forneceu qualquer explicação sobre a situação no seu
‘briefing’ diário de hoje.
No início deste mês, a
porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, justificou a ausência de Qin Gang de
um encontro de ministros dos Negócios Estrangeiros da Associação das Nações do
Sudeste Asiático (ASEAN), em Jacarta, Indonésia, por “motivos de saúde”.
Questionada novamente sobre
o paradeiro do responsável, a porta-voz disse, em conferência de imprensa na
segunda-feira, não ter informações sobre o assunto e negou que a ausência
tivesse a ter impacto nas atividades diplomáticas do país.
Qin Gang, de 57 anos, foi
nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros em dezembro passado. Anteriormente
foi embaixador em Washington e é fluente em inglês.
A nomeação como ministro
ocorreu na altura em que Pequim terminou a política de 'zero covid', que
manteve as fronteiras do país encerradas durante quase três anos.
Além de receber dignitários
estrangeiros em Pequim, incluindo o secretário de Estado norte-americano,
Antony Blinken, Qin Gang efetuou deslocações à Europa, África e Ásia Central.
Qin substituiu Wang Yi,
atual diretor do Gabinete da Comissão para as Relações Externas do Partido
Comunista da China (PCC) e classificado como o principal diplomata chinês, com
uma agenda internacional marcada pela guerra na Ucrânia ou pela crescente
rivalidade entre Pequim e Washington.
Hu Xijin, influente
comentador chinês e antigo editor-chefe do Global Times, jornal oficial do PCC,
admitiu, num comentário difundido através da rede social Weibo, que “está toda
a gente preocupada com um assunto, mas que não pode discuti-lo publicamente”.
Na China, o desaparecimento
de altos funcionários, celebridades e empresários é comum. Frequentemente, as
autoridades anunciam mais tarde que a pessoa desaparecida está a ser
investigada ou foi punida.
Entre os casos mais
proeminentes dos últimos anos consta o do ex-chefe chinês da Interpol Meng
Hongwei, que desapareceu durante uma viagem à China, em 2018. Em 2020, foi
condenado a 13 anos e meio de prisão por um tribunal chinês por receber mais de
dois milhões de dólares em subornos.
Em fevereiro passado, Bao
Fan, o fundador de um banco de investimento, também desapareceu. Uma semana
depois, a empresa admitiu “ter tido conhecimento” de que Bao estava a cooperar
numa investigação.
A tenista chinesa Peng Shuai
também deixou de ser vista em público, em 2021, depois de acusar um antigo
vice–primeiro-ministro chinês de má conduta sexual.ANG/Lusa
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