São Tomé e Príncipe/Cerca de 85%
da população consome álcool
Bissau, 19 Jul 23 (ANG) – Cerca de
85% da população de São Tomé e Príncipe consome álcool, segundo dados do
relatório da missão da cobertura universal da saúde divulgados na terça-feira
pela Organização Mundial da Saúde, que pede a mudança de estilo de vida no
aquipélago.
Os
dados foram apresentados durante a entrega da nova estratégia da OMS para
garantir a cobertura universal da saúde em São Tomé e Príncipe.
Cerca
de “85% da população de São Tomé e Príncipe consome álcool, 54% consome menos
de cinco porções de frutas ou legumes por dia, cerca de 18% consome
regularmente alimentos processados ricos em sal e sete em cada dez pessoas em
São Tomé e Príncipe não pratica qualquer tipo de atividade física”, anunciou
Sara Pereira, consultora da OMS em São Tomé e Príncipe.
O
arquipélago são-tomense com cerca de 1001 quilómetros quadrados tem cerca de
200 mil habitantes, segundo dados do último recenseamento geral da população de
2012.
Sara
Pereira indicou outros dados que permitem avaliar as áreas que deverão ser
prioritárias “para melhorar a qualidade de vida e os indicadores de saúde no
país”, sublinhando a necessidade de mudança de hábitos de vida no arquipélago.
A
médica consultora da OMS referiu que o estudo realizado no ano passado pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), concluiu que 54% das
famílias são-tomenses “não conseguem comprar os medicamentos necessários”,
essencialmente para o tratamento das doenças crónicas, e 10% “não conseguem ter
acesso aos serviços de saúde de que precisam”.
“Além
disso, acresce ainda dizer que São Tomé e Príncipe é o pequeno Estado insular
em desenvolvimento com maior percentagem de custo catastróficos em saúde […] há
uma percentagem importante de famílias em São Tomé que ao pagarem diretamente
custos da saúde empobrecem, ou seja gastam mais de 40% do seu orçamento
doméstico em cuidados de saúde”, indicou.
Sara
Pereira referiu que o investimento do Governo no Orçamento Geral do Estado
(OGE) para o setor da saúde tem vindo a aumentar, situando em 11%, mas sublinha
que ainda está “um pouco a quem daquilo que é o valor ideal”, 15%.
A
consultora indicou que São Tomé e Príncipe tem um “número insuficiente de
recursos humanos”, situando em 2,4 médicos, enfermeiros e parteiras por mil
habitantes, quando a OMS recomenda um rácio de 4.4 a 5, “como ideal para
alcançar a cobertura universal da saúde”.
“É
realmente um domínio que precisa de investimento”, precisou.
Durante
a apresentação dos dados, a consultora da OMS afirmou que houve ganhos nos
últimos anos, sobretudo nos 14 indicadores do índice de cobertura universal de
saúde, nomeadamente saúde reprodutiva, maternoinfantil e neonatal, doenças
infecciosas, doenças não transmissíveis, vacinação e acessibilidade aos
serviços da saúde.
No
entanto, “este indicador também esconde alguma desigualdade ainda existente no
contexto nacional, seja pelas fragilidades do seu sistema de saúde, seja porque
do ponto de vista geográfico financeiro nem todas as pessoas de São Tomé e
Príncipe têm igualmente acesso aos cuidados de saúde”.
Sara
Pereira referiu-se também a um novo indicador que cobre a saúde, educação e nível
de vida das pessoas, que concluiu que “11,7% da população é
multidimensionalmente pobre” em São Tomé e Príncipe.
“Significa
que as pessoas não têm saúde, que é preciso investir na educação, mas que é
preciso também olhar para as suas condições de vida […] se queremos saúde temos
que fazer uma abordagem multissetorial. Não é suficiente tratar a doença se as
condições de habitação, se o acesso a água potável, e se as condições de
saneamento não são suficientes”, disse.
A OMS
alerta que “existe um novo perfil epidemiológico” em São Tomé e Príncipe em que
as doenças não transmissíveis, como diabetes, cancros ou traumatismos,
“representam uma crise para a saúde, mas também uma crise económica e de
desenvolvimento do país” porque os gastos para o controlo dessas doenças são
muito elevados e o país ter recursos limitados.
A
Organização Mundial da Saúde entregou ao Governo são-tomense a nova
estratégia, avaliada em 9 milhões de euros, com cinco prioridade para
melhorar a qualidade e acesso aos serviços da saúde e reforçar as
capacidades dos recursos humanos no arquipélago até 2027.
“Cobertura
universal da saúde significa que todas as pessoas, sem exepção, ninguém fica
para trás, mas todos têm aceso a cuidados de saúde de qualidade, sempre e onde
precisarem, independentemente da fase e do ciclo de vida em que se encontram”,
sublinhou Sara Pereira durante a apresentação do documento.
A
nova estratégia foi apresentada numa cerimónia que contou a presença de
membros do Governo são-tomense, responsáveis do setor da saúde e das agências
da ONU.
“Uma
vez cumprindo estas estratégias em conjunto e com suporte técnico da OMS, o
Ministério da Saúde, Trabalho e Assuntos Sociais, e mais propriamente São Tomé
e Príncipe estará no futuro muito melhor do que se encontra hoje. O caminho é
longo, mas faz-se caminhando e o primeiro passo começa hoje com a implementação
deste documento e sua respectiva materialização”, sublinhou o ministro da Saúde
são-tomense, Celsio Junqueira. ANG/Lusa
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