Alemanha/Chanceler Scholz anuncia endurecimento da política migratória a partir de 2024
Bissau, 07
Nov 23 (ANG) - O chanceler alemão, Olaf Scholz, e os chefes dos estados
regionais alemães decidiram esta madrugada adoptar uma série de medidas para
tornar o país menos atraente para os migrantes, que entrarão em vigor no
próximo ano, noticiou o site Notícias ao Minuto.
Redução das ajudas financeiras, redução dos
prazos para análise dos pedidos de asilo e controlo das fronteiras são algumas
das medidas apresentadas em conferência de imprensa por Olaf Scholz, pelo chefe
do governo regional da Baixa Saxónia (norte), Stephan Weil, e pelo de Hesse
(oeste), Boris Rhein.
As medidas foram adoptadas depois de os
municípios responsáveis pelo acolhimento de um milhão de ucranianos no ano
passado e de um afluxo de migrantes do Médio Oriente e de África este ano
terem-se queixado e "feito soar" um alarme.
Os municípios alegaram ter atingido os seus
limites orçamentais com os custos de acolhimento dos migrantes e exigiram mais
dinheiro ao Estado federal.
Por outro lado, o Governo está preocupado
com a situação, que beneficia o partido de extrema-direita, o AfD (Alternativa
para a Alemanha), como demonstrou o aumento de votações que registou nas duas
eleições regionais, a última das quais aconteceu no início de Outubro.
No final de uma maratona de reuniões - que
começou na tarde de segunda-feira e terminou durante a madrugada de terça-feira
-- os responsáveis explicaram como pretendem tornar o país menos atrativo para
migrantes.
Desde logo, cada migrante contará com menos ajuda financeira.
Até agora, qualquer estrangeiro que
chegasse a um primeiro centro de acolhimento -- onde é alimentado e alojado --
recebia 182 euros em dinheiro por mês "para as suas necessidades pessoais
necessárias".
Para evitar que este dinheiro seja enviado
para o país de origem pelos requerentes de asilo, os migrantes terão, a partir
de final de Janeiro, um cartão para comprar o que necessitarem nas lojas.
Atualmente, após a saída do primeiro centro
de acolhimento, os requerentes de asilo são distribuídos por diferentes
alojamentos enquanto aguardam o desenvolvimento do seu processo.
Nessa altura, passam a receber, durante os
18 meses, 410 euros mensais se forem solteiros ou 738 euros se se tratar de um
casal.
Após esse período, cada solteiro recebe 502
euros mensais e cada casal 902 euros.
A partir de 2024, todos os migrantes terão de esperar 36 meses para
beneficiarem deste aumento, anunciaram os responsáveis.
Outra das mudanças será uma alteração à lei
para facilitar a contratação de requerentes de asilo para trabalhos de
utilidade pública, tendo ainda sido decidido agilizar os procedimentos de
análise dos pedidos de asilo que passam a ter um prazo máximo de seis meses,
incluindo um eventual recurso para tribunal.
Para responder aos protestos de estados e
municípios de acolhimento de migrantes, o Estado federal passará a pagar 7.500 euros
anuais por cada refugiado, valor que fica, ainda assim, aquém dos 10.000 euros
exigidos pelos responsáveis regionais.
A Alemanha vai também limitar a chegada de
estrangeiros, prorrogando uma medida anunciada em 16 de Outubro: controlos nas
suas fronteiras com a Polónia, República Checa e Suíça.
Esta medida excepcional, que requer a
aprovação de Bruxelas, já existe há muito tempo com a Áustria, quando o país se
tornou o principal local para travessias ilegais para a Alemanha, durante a
crise migratória de 2015/16.
A Alemanha recebeu, nos nove primeiros
meses deste ano 92.119 migrantes não autorizados, o número mais elevado dos
últimos sete anos, segundo a polícia federal.
No ano passado, 91.986 pessoas entraram no
país ilegalmente, quase o dobro dos 57.637 que o fizeram em 2021, e pouco menos
dos que os 111.843 de 2016, ano em que ainda se vivia a chamada "crise dos
refugiados".
Só em Setembro passado, a polícia
contabilizou 21.366 pessoas que entraram no país sem autorização,
aproximadamente o dobro do número de Julho, e o número mais elevado desde
Fevereiro de 2016, com 25.650 entradas não autorizadas.
Em Setembro de 2022, 12.709 pessoas
entraram irregularmente na Alemanha e, nesse mesmo mês de 2021, 6.101.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou na altura, numa entrevista à revista
Spiegel, a intenção de tomar medidas mais duras contra os requerentes de asilo
rejeitados e de limitar a imigração irregular para a Alemanha.
"Devemos expulsar de uma vez por todas
aqueles que não têm o direito de permanecer na Alemanha em grande escala",
declarou. ANG/Angop
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