Equador/ Presidente Daniel Noboa declara "conflito armado interno" no país
Bissau, 10 Jan 24 (ANG) - O Presidente do Equador assinou um decreto executivo em que declara estado de "conflito armado interno" no país, depois de um grupo de homens armados invadir na terça-feira, 9 de Janeiro, os estúdios da televisão pública, interrompendo a emissão em direto.
Um grupo de homens armados invadiu na
terça-feira à tarde a televisão pública, na cidade portuária de Guayaquil,
fazendo jornalistas e outros funcionários reféns. As imagens foram transmitidas
em direto no canal televisivo e os motivos dos agressores são ainda
desconhecidos. Desde domingo e a fuga da prisão de um dos principais
traficantes de droga do país, aumentaram os motins.
O tiroteio foi transmitido em direto
durante vários minutos até à intervenção da polícia. Não foram declarados
mortes ou feridos, sabe-se que 13 pessoas foram detidas, anunciou a
polícia. “Não atire,
por favor, não atire!” ", gritou uma mulher enquanto se
ouviam tiros e os agressores a obrigar as pessoas a deitarem-se no chão. “Graças à intervenção [nas
instalações] da
Televisão, a polícia conseguiu prender os homens armados ”,
descreve a polícia equatoriana na rede X.
No terceiro dia de uma crise de segurança
sem precedentes, o Presidente do Equador, assinou um decreto executivo em
que declara estado de “conflito
armado interno” no país. Daniel Noboa ordenou a “neutralização” de
grupos criminosos envolvidos no tráfico de droga, dos quais forneceu uma lista
exaustiva, ao mesmo tempo que sublinhou a necessidade de as Forças Armadas
agirem “com respeito
pelos direitos humanos”, segundo um decreto publicado na
terça-feira. O texto presidencial ordena “a mobilização e intervenção das forças armadas e da
polícia nacional (…) para
garantir a soberania e a integridade nacional contra o crime organizado, as
organizações terroristas e os beligerantes não estatais”.
Os últimos três dias ficam marcados pela
fuga de líderes de gangues, por motins nas prisões, pela proclamação do estado
de emergência e pelo sequestro de agentes da polícia. Foram registadas oito
mortes e três feridos na cidade portuária de Guayaquil, reduto de gangues do
narcotráfico, avançou o chefe de polícia local em conferência de imprensa,
acrescentando que dois agentes da polícia também foram “violentamente assassinados por
criminosos armados” na cidade vizinha de Nobol.
Apesar da dificuldade em confirmar a
veracidade das imagens que circulam nas redes sociais, as imagens
transmitem uma ideia da violência e criam uma impressão de caos instalado
nalgumas localidades do país: ataques de cocktails molotov, carros
incendiados, tiroteios aleatórios contra agentes da polícia e cenas de pânico.
No grande porto de Guayaquil, a maioria dos hotéis e restaurantes fecharam
as portas, o exército patrulha as ruas. Na capital Quito, lojas e centros
comerciais também fecham mais cedo e o ministério da Educação ordenou o
encerramento temporário de todas as escolas do país à noite.
O chefe da diplomacia norte-americana para
a América Latina, Brian Nichols, afirmou que os Estados Unidos estão “extremamente preocupados com a
violência” e que Washington está “em contacto com o presidente Noboa e
o governo equatoriano. Pronto a prestar ajuda”. Também o Brasil,
Chile, Colômbia e Peru – que desencadeou um estado de emergência nas regiões
fronteiriças com o Equador – expressaram apoio a Quito, rejeitando a violência.
A China anunciou a suspensão das atividades consulares da embaixada no Equador,
bem como as do consulado.
O Presidente mais jovem da história do
país, Daniel Noboa, 36 anos, foi eleito em Novembro de 2023, prometendo
restaurar a segurança no país. Daniel Noboa declarou estado de emergência
durante sessenta dias em todo o país. O exército fica autorizado a manter a
ordem nas ruas, com recolher obrigatório à noite.
O Equador tornou-se um espaço de transição
para o tráfico de cocaína – produzida nos vizinhos Peru e Colômbia – para os
Estados Unidos e a Europa. O país confronta-se hoje com a violência de
gangues criminosos, a maioria gangues de rua que se tornaram atores no tráfico
de drogas. O número de homicídios aumentou quase 800% entre 2018 e 2023.ANG/RFI
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