Itália/Regularização de mais de 200.000 imigrantes clandestinos
Bissau, 02 jun
20 (ANG) - Mais de 200.000 imigrantes clandestinos ,em Itália, estão a obter contratos de trabalho,desde
segunda-feira(O1),para fazer face à falta de mão de obra, devido à pandemia da
Covid-19, que impede contratar trabalhadores sazonais nos seus países de
origem.
A Itália é o segundo produtor europeu de legumes e frutas e
estava ameaçada de perder 40% das
suas colheitas devido à falta de mão de obra, enquanto o país conta
com cerca de 600.000 trabalhadores clandestinos.
Esta medida adoptada a 13 de maio em
Conselho de Ministros, entrou em vigorõ segunda-feira (1/06) e o governo
italiano vai conceder autorizações
de residência de seis meses aos trabalhadores clandestinos nos sectores
agrícola e de ajuda ao domicílio, em resposta à falta de mão de obra
devido à crise da pandemia de Covid-19.
Mas esta regularização sazonal, que
abrange sobretudo cidadãos oriundos do leste europeu, com destaque para a
Roménia, africanos, indianos e paquistaneses, é sujeita a medidas burocráticas,
que exigem um contabilista ou vários dias de trabalho, o que dificulta a sua
implementação, denunciam os empregadores do sector agrícola.
A classe política italiana também está
muito dividida face a esta regularização massiva de trabalhadores clandestinos:
a ministra da agricultura Teresa Bellanova, que ameaçou demitir-se se a
proposta não fosse aprovada, estima que com esta decisão e cito "venceu
a dignidade", enquanto Matteo
Salvini, líder da Liga, partido de extrema-direita xenófobo e
anti-imigração, se opõe radicalmente, considerando que "se trata de
facilitar uma invasão de imigrantes e do regresso de desembarques em massa nas
costas italianas".
Por sua vez, o movimento de extrema
esquerda Cinco Estrelas, antigo
aliado de Matteo Salvini, e que actualmente faz parte do governo de Guiseppe Conte também se opõe,
defendendo que a prioridade deve ser dar emprego aos desempregados italianos,
medida criticada pelo sociólogo e especialista em migrações Matteo Vila, para
quem "os italianos preferem continuar desempregados a ir apanhar
laranjas".
Também a Associação dos agricultores
italianos critica esta medida, preferindo o esquema adoptado pelo Reino Unido e
outros países europeus, de organizar o transporte aéreo, para ir buscar os
trabalhadores sazonais ao leste da Europa.
O apelo lançado aos desempregados,
estudantes, reformados e outros trabalhadores independentes, para trabalharem
nos campos, não surtiu efeito no sector agrícola, já estruturalmente
deficitário em mão de obra.
Por outro lado muitos alertam para os
riscos ligados a esta regularização massiva, que dará falsas esperanças
aos imigrantes, no momento em que a economia italiana está exangue, devido à
crise sanitária despoletada pela pandemia de Covid-19, pelo que não lhes pode
propor uma solução perene.
Além do mais sabe-se que as redes da máfia gerem parte do tráfico ligado
aos trabalhadores clandestinos.
Portugal, prolongou até 30 de junho, os
direitos dos imigrantes em vias de regularização para os proteger durante a
crise sanitária. ANG/RFI
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