Senegal/ Aberto 8° Fórum de
Cooperação China-África
Bissau, 30 Nov
21 (ANG) – O 8° Fórum de Cooperação
China-África, encontro que se realiza de dois em dois anos, decorre desde
segunda-feira em Dacar,no Senegal, num formato misto, dado o contexto de
pandemia, com certos responsáveis a estarem apenas virtualmente presentes,
nomeadamente o chefe de Estado chinês.
"No âmbito da luta contra a covid-19, a China vai fornecer à
África mil milhões de doses de vacinas suplementares, incluindo 600 milhões sob
forma de doações e 400 milhões noutros formatos, nomeadamente o estabelecimento
da produção de vacinas" a nível local,
anunciou Xi Jinping numa mensagem na qual também indicou que o seu país vai
enviar 1.500 profissionais de saúde para o continente, vai realizar 100
projectos sanitários e vai igualmente apoiar o sector do agro-negócio.
Nesta oitava edição na qual participam 500 responsáveis políticos
e empresários africanos e chineses, os organizadores esperam um reforço ainda
maior da cooperação com a China que já é o principal parceiro comercial do
continente.
Contudo, desta vez o encontro tem menores dimensões do que os
anteriores, num contexto de crise pandémica mas também de redefinição das
ambições das "novas rotas da seda", com os investimentos a passar de
11 mil milhões de Dólares em 2017, a 3,3 mil milhões em 2020.
Também em questão está o tipo de relação que se criou entre a
China e os países africanos nestes vinte anos de fóruns de cooperação, a
questão da dívida tendo-se tornado central.
De acordo com o 'China Africa Research Initiative' entre 2000 e
2019, calcula-se que a China tenha emprestado ao continente cerca de 153 mil
milhões de Euros, sendo que Angola por si só concentraria 30% desta dívida.
Perante esta situação, desde 2016, os valores emprestados são
menores e nestes últimos meses, a China aceitou apagar ou reavaliar a dívida de
certos Estados.
Foi neste âmbito que o ministro senegalês da Economia, Amadou
Hott, preconizou uma relação com a China menos focada na dívida e mais
proveitosa para as economias africanas. Ao vincar que o Fórum de Cooperação
China-África é uma plataforma “baseada em princípios de igualdade e benefício
mútuo”, o governante considerou que esta parceria deveria "ter como objectivo mais investimento
estrangeiro directo chinês em
África", argumentando que o continente “tem muitos investimentos em dívida" e que ele "precisa de mais investimentos em fundos
próprios”.
Paralelamente, segunda-feira durante a abertura do fórum, a chefe
da diplomacia senegalesa, Aissata Tall Sall, disse esperar que a China dê apoio
na luta contra a insegurança no Sahel, região desestabilizada por grupos
jihadistas.
Este 8° fórum de cooperação sino-africano
acontece numa altura em que o Secretário de Estado americano Antony Blinken
acaba de efectuar há dias uma digressão em alguns países africanos, num
contexto de crescente rivalidade entre Washington e Pequim.
A China é de longe o principal parceiro comercial do continente, as trocas tendo ultrapassado os 200 mil milhões de Dólares em 2019, segundo dados da embaixada chinesa de Dacar. ANG/RFI
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