Angola/ Observadores criticam
Presidente por “promover” principal suspeito de envolvimento em tráfico de
drogas
Bissau, 03 Fev 23
(ANG) - Analistas angolanos criticam o chefe de Estado por
nomear o principal suspeito no envolvimento do tráfico de drogas ao cargo de
director-geral adjunto do Serviço de Investigação Criminal (SIC).
Trata-se do
comissário Fernando Receado, antigo delegado do órgão de Luanda, que tem contra
ele um processo instaurado pela justiça angolana.
O Presidente
angolano nomeou, há dias, vários responsáveis do Serviço de Investigação
Criminal (SIC), entre os quais o comissário, este
estando a ser investigado por liderar uma suposta “rede de tráfico de droga”.
A indicação de
Fernando Receado para director-geral adjunto do Serviço de Investigação
Criminal está a causar indignação entre analistas,
uma vez que se desconhece a conclusão da investigação que recai sobre o ex-dirigente
do SIC-Luanda.
O advogado
Agostinho Canando não ficou surpreendido com a promoção de Fernando Receado, ao alegar que a nomeação do comissário apenas
comprova, mais uma vez, a interferência directa do chefe do Estado na justiça
angolana.
“É uma nomeação com propósito, se
calhar de atrapalhar aquilo que são as investigações que estão a decorrer
contra este mesmo indivíduo. A partir deste momento vai impedir que as
investigações decorram nos seus trâmites normais. Quer dizer que é a justiça
angolana a sair lesada, por conta daquilo que é a interferência directa ou
indirecta do titular do poder executivo”, sintetizou o também professor.
Já o politólogo José
Adalberto sublinha que o presidente ao nomear o comissário não teve boa postura, por estar a decorrer uma
investigação sobre o alegado envolvimento do oficial de investigação criminal
no tráfico de droga.
“Havendo
suspensão já não se nomeia a figura. Penso que o presidente andou mal, porque
existe um inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República contra a figura
nomeada, embora goze do princípio da presunção de inocência, mas é inquirido
por ser suspeito de cometer crimes de tráfico de drogas”, comentou
o analista.
Em Janeiro deste ano
a Procuradoria-Geral da República anunciou a abertura de uma investigação para
apurar o envolvimento de altos responsáveis do Serviço de Investigação Criminal
no tráfico de droga, incluindo o antigo delegado provincial de Luanda.
Neste momento, ninguém quer se pronunciar e nem mesmo a procuradoria.ANG/Angop
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