Pequim/Jornal do PC Chinês adverte que expansão da
NATO para a Ásia é caminho “perigoso”
Bissau,
10 Jul 23(ANG) – Um jornal do Partido Comunista Chinês considerou hoje que a
NATO está a conduzir a “civilização ocidental” por um caminho “errado e
perigoso”, ao aludir a um maior envolvimento da aliança na região
Ásia–Pacífico.
“Uma
infiltração da NATO na Ásia–Pacífico vai provavelmente levar a civilização
ocidental a enfrentar reveses sem precedentes na região economicamente mais
vibrante do mundo”, lembrou o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo
do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista (PCC).
“A
China não pode permitir que as forças militares ocidentais interfiram de forma
alguma nos seus assuntos internos”, lê-se no editorial, em que acrescenta que
Pequim “tem já a capacidade de combater tal interferência”.
Durante
a cimeira da NATO que arranca terça-feira em Vílnius vai ser abordada a
implementação do Conceito Estratégico adoptado em 2022. O documento reconheceu
que a aliança enfrenta uma “competição sistémica” suscitada pelas “ambições e
políticas coercivas” de Pequim, que desafiam os “interesses, segurança e
valores” dos seus membros.
Austrália,
Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul, que participaram na cimeira da NATO no
ano passado, vão estar presentes em Vílnius.
Em
particular, a organização está a estudar a abertura de um escritório no Japão,
país que mantém rivalidades históricas e disputas territoriais com a China. O
Presidente francês, Emmanuel Macron, manifestou-se já contra, afirmando que a
medida seria um “grande erro”.
As
diferentes visões entre os aliados face à China são também motivadas pela
relevância dos laços comerciais entre o país asiático e a Europa: a China
representa quase 10% das exportações do continente e cerca de 20% das suas
importações.
O
Global Times lembrou, porém, que as divergências existentes dentro da NATO “não
são fundamentalmente sobre se [a organização se deve] expandir ou não, mas sim
sobre que tipo de expansão prosseguir, e se este processo deve ser mais lento
ou mais rápido”.
O
jornal afirmou que existe uma “mudança” na política tradicional da NATO,
fundada com foco na defesa, à medida que “um número crescente de países membros
e líderes demonstram uma ambição mais forte em relação à expansão”.
Os
líderes da aliança transatlântica alertaram já que o que está a acontecer na
Europa com a guerra na Ucrânia pode replicar-se na Ásia, com uma invasão de
Taiwan pela China.
China
e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o
antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na
guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território
e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a
independência.
“Se o
Presidente [russo], [Vladimir] Putin, vencer na Ucrânia, isto enviaria a
mensagem de que regimes autoritários podem atingir os seus objectivos por meio
da força bruta”, disse o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, em
Tóquio, no início deste ano. “Isto é perigoso. Pequim está a observar de perto
e a aprender lições, o que pode influenciar as suas decisões futuras”,
observou.
Para
o Global Times, no entanto, “a agressividade da NATO não é apenas uma expansão
da dissuasão militar, mas também uma expansão de valores”.
“A
expansão da civilização ocidental é, até hoje, inseparável da sua natureza
agressiva e ofensiva”, lê-se no editorial. “Quando desafiados, os elementos
agressivos da sua natureza tornam-se mais ativos e proativos”, apontou.
ANG/Inforpress/Lusa
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