Política/Presidente da República considera confrontos armados tentativa de “golpe de Estado” e promete “consequências graves”
Bissau, 03 dez 23 (ANG) – O Presidente
da República considerou os confrontos armados do dia 01 de Dezembro, uma
“tentativa de golpe de Estado” e afirma que haverá
consequências graves para todos os implicados. anunciou uma comissão de inquérito para apurar
responsabilidades.
Úmaro Sissoco Embaló falava à
imprensa no sábado, à chegada ao aeroporto de Bissau, depois de uma semana
ausente do país em visitas oficiais a Roma, Timor Leste e Dubai, para
participar na COP28.
O Presidente da República
anunciou que “segunda-feira, haverá uma comissão de inquérito” e reiterou que
“a Guiné-Bissau não pode viver mais em teatro”.
“Alguém disse que
conhece Suleimane Seidi, pode conhecê-lo há mil anos. Quem
pariu Mamadu Embaló, meu pai, Cadidjatu Seidi, é também avó
de SuleimaneSeidi”, explicou, afirmando que desta vez o império da lei deve
funcionar.
O
chefe de Estado evocou a frase do antigo presidente Kumba Yalá e que vivemos
em paz ou morremos todos, frisando que, é desta vez.
“Tchongo foi a mando de
alguém. Tchongo não é doido para rebentar as celas da Polícia
Judiciária e retirar o ministro das Finanças e o Secretário de Estado”, disse.
“O teatro acabou”, insistiu o chefe de Estado,
frisando que “toda a gente que está implicada nesta tentativa vai pagar caro”.
Sissoco Embaló disse ainda que
“há indícios”, incluindo escutas telefónicas, de que “esse golpe” não é de
agora, que “foi preparado antes de 16 de novembro”, o dia da comemoração
oficial dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau, organizada pela
Presidência da República.
O chefe de Estado guineense
insistiu que “não se faz golpe ao Presidente da Assembleia, nem ao
primeiro-ministro, só se faz ao chefe de Estado, que é comandante supremo das
Forças Armadas”.
O presidente lembrou a
tentativa de golpe de Estado de 01 de fevereiro de 2022 para vincar que já
tinha dito àqueles que consideraram que “fizeram teatro” nessa ocasião e
“disseram que era inventona”, que não voltaria a repetir-se.
O presidente da República
defendeu que “o império da lei tem que funcionar na Guiné-Bissau” e disse que
se a Procuradoria-Geral da República deixar de ser o advogado do Estado, ele
próprio está “disponível para fazer isso” e evitar que o país caia “num
colapso”.
“Se eu vou ser sacrificado é
dessa vez”, afirmou.
Sissoco Embaló afirmou que
“todos sabem quem são” os autores do “golpe”, referindo a seguir que “não há
casa de ninguém atacada”, numa alusão à denúncia do presidente da Assembleia
Nacional Popular, Domingos Simões Pereira, de que a residência tinha sido
cercada e alvejada, com o próprio em casa.
O Presidente convidou os
jornalistas a irem “a casa das pessoas ver se foram atacadas, se uma única
casa” foi atacada.
À pergunta sobre o alegado
envolvimento do Presidente da República nos acontecimentos de sexta-feira,
respondeu: “envolvimento como? Será que vou dar golpe a mim próprio?”
Sobre o envolvimento das
tropas da Presidência nos confrontos defendeu que “um dos papéis do batalhão da
Presidência da República é manter e coadjuvar o Estado-Maior General, é assim
que funciona”.
“O batalhão da Presidência da
República, no nosso sistema ou no estatuto de Defesa Nacional, é para proteger
o Presidente República”, frisou.
Na madrugada e na manhã de
sexta-feira, 01 de Dezembro, o batalhão da guarda presidencial e a Polícia
Militar atacaram o comando da Guarda Nacional para retirar o ministro da
Economia e Finanças, Suleimane Seidi, e o secretário de Estado do Tesouro,
António Monteiro.
Os dois governantes foram levados
pela Guarda Nacional que os retirou das celas da Polícia Judiciária, onde
estavam em prisão preventiva por ordens do Ministério Público que os investiga
no âmbito de um processo de pagamento de dívidas a 11 empresas.
Do ataque ao quartel da Guarda
Nacional resultaram dois mortos, a retirada dos dois governantes, que foram
novamente conduzidos às celas da PJ e ainda a detenção do comandante da
corporação, coronel Vítor Tchongo, e mais alguns elementos.ANG/ÂC
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