Portugal/CPLP e Mercosul assinam acordo que inclui promoção
do português e do espanhol
Bissau, 08 Dez 23
(ANG) – Os chefes da diplomacia do Mercosul e o secretário executivo da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) assinaram, quarta-feira, no
Brasil, um acordo para a cooperação em vários domínios, entre os quais o da
promoção do português e do espanhol.
No texto do acordo,
a que a Lusa teve acesso, lê-se que as “áreas prioritárias de cooperação” são,
“sem prejuízo de outras que vierem a ser julgadas necessárias”, as relacionadas
“com o desenvolvimento dos Estados Partes, de forma ampla, incluindo a promoção
do desenvolvimento sustentável, a proteção aos direitos humanos, a promoção das
línguas portuguesa e espanhola, o intercâmbio de conhecimentos em inovação, a
modernização e fortalecimento da gestão pública e temas relacionados à
juventude”.
Segundo o
documento, a operacionalização do memorando levará em conta “acordos vigentes
entre os diferentes atores” (Mercosul, CPLP, autoridades nacionais), bem como
“diretrizes e acordos adicionais definidos pelas Partes em relação a projetos
específicos”.
Para “o alcance
pleno” dos objetivos traçados no documento, as partes acordam na realização de
reuniões com uma “periodicidade semestral” para dar seguimento e supervisionar
ações que vierem a ser materializadas.
O documento é
assinado hoje no âmbito na cimeira bianual do Mercosul, na cidade brasileira do
Rio de Janeiro, encontro que deverá ficar marcado pelas discussões sobre a
finalização do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercado Comum do
Sul, receando-se novo adiamento.
Quanto ao acordo
Mercosul (bloco constituído por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e CPLP,
já estava a ser negociado há alguns meses e ficou concluído no final de
Novembro, segundo o embaixador do Brasil junto da CPLP.
Juliano Nascimento
adiantou, em declarações à Lusa, esta semana, que o documento seria assinado
hoje pelo secretário executivo da CPLP, Zacarias da Costa, e pelos ministros
das Relações Exteriores e dos Negócios Estrangeiros do Mercosul, na cimeira
desta organização, no Rio de Janeiro, na data em que termina a presidência
(rotativa) brasileira daquela organização de Estados da América do Sul.
O representante
diplomático do Brasil junto da CPLP afirmou que o texto do acordo de cooperação
recebeu luz verde do Comité de Concertação Permanente da CPLP (habitual reunião
mensal dos embaixadores dos nove Estados-membros da organização), no dia 29 de
novembro.
Em Outubro, o
secretário executivo da CPLP disse à Lusa que a presidência brasileira do
Mercosul “propôs um acordo de cooperação” entre os dois blocos, que deveria ser
apreciado em breve pelos Estados-membros.
“Há uma proposta de
acordo, que julgo que vem ao encontro dos nossos interesses, de aprofundar a
cooperação com o Mercosul. Uma cooperação em todos os domínios”, salientou, na
altura, Zacarias da Costa.
Segundo aquele
responsável, a “intenção do Brasil” era que o acordo pudesse ser assinado ainda
durante a presidência brasileira do Mercosul.
Juliano Nascimento
confirmou que havia uma proposta do Brasil “de um acordo quadro que possa
amparar todas as atividades que os países do Mercosul fazem junto com CPLP”,
mas também futuras iniciativas.
A ideia é
“estender-se (…) à cooperação técnica, ao desenvolvimento de estudos como
pesquisa de vacinas, ou laboratórios, ou ao banco de leite humano, que o Brasil
já tem uma ‘expertise’ que já está expandida para os países do Mercosul e
alguns da CPLP”, adiantou.
Juliano Nascimento
concluiu que se trata de “um acordo chapéu para cobrir os projetos existentes e
os futuros” entre a CPLP e os países do Mercosul seus associados.
Na prática, além do
Brasil, que é Estado-membro da CPLP, os países do núcleo do Mercosul hoje já
são todos observadores associados da organização, sublinhou.
Segundo o
diplomata, este acordo é um marco da presidência brasileira do bloco.
“Nós estamos a
casar as duas coisas. No caso do Mercosul, a união fez-se pela proximidade
geográfica, e, no da CPLP, a integração fez-se pela língua e pela cultura”,
acrescentou.
Além do Brasil, são
Estados-membros da CPLP Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. ANG/Inforpress/Lusa
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