África de Sul/Primeiros resultados eleitorais na África
do Sul tiram maioria absoluta ao partido de Mandela
Bissau, 30 mai 24 (ANG) - O
partido no Governo da África do Sul, o histórico Congresso Nacional Africano
(ANC), deverá vencer as eleições gerais, mas perder a maioria absoluta, segundo
os primeiros resultados publicados hoje pela Comissão Eleitoral Independente
(IEC).
Com apenas pouco mais de 16%
dos votos contados, confirma-se a tendência prevista pelas sondagens, antes das
eleições, e o ANC - que governa com maioria absoluta desde a chegada de Nelson
Mandela ao poder, em 1994 - está agora reduzido a cerca de 42%.
A confirmar-se, tal
significa que, pela primeira vez, o ANC precisará de uma coligação para se
manter no governo e de um acordo com outros partidos para reeleger o seu líder,
Cyril Ramaphosa, como Presidente do país, para um segundo mandato de cinco
anos.
Embora desde 2004 o ANC
tenha vindo a perder força a cada eleição, nas eleições gerais de 2019
conseguiu manter uma confortável maioria de 57,5%. Se a tendência se mantiver,
desta vez perderia cerca de 15 pontos.
Seria a primeira vez desde
as primeiras eleições multirraciais na África do Sul, após o fim do regime do
apartheid, em 1994, quando Mandela se tornou o primeiro Presidente negro do
país, que o ANC não consegue obter uma maioria absoluta.
Em segundo lugar surge a
Aliança Democrática (AD, centro-direita liberal), de John Steenhuisen, com cerca
de 25% dos votos, muito acima do resultado de 2019, em que obteve 20,77%.
A AD é o principal partido
da oposição, herdeiro da liderança política branca que se opôs ao regime
segregacionista do ‘apartheid’ e tradicionalmente associado ao voto da minoria branca,
que representa 7,70% da população sul-africana.
Em terceiro lugar está o
partido de extrema-esquerda Combatentes da Liberdade Económica (EFF), de Julius
Malema, com cerca de 8% dos votos, e em quarto lugar o uMkhonto weSizwe
(Partido MK), o novo partido do antigo Presidente Jacob Zuma (2009-2018), com
mais de 7%.
Zuma tentou concorrer às
eleições como líder da nova formação política, mas foi impedido de o fazer pelo
Tribunal Constitucional a meio da campanha eleitoral, uma vez que foi condenado
em 2021 a 15 meses de prisão por desacatos.
No entanto, o aparecimento
do MK teve efeitos na divisão dos votos do ANC, também manchado por casos de
corrupção, como os que envolvem o próprio Zuma, e desgastado pelos problemas
que afetam o país, como o elevado desemprego, a criminalidade e os cortes de
energia.
Com 27,6 milhões de
eleitores registados, um total de 52 partidos concorrem na eleição nacional de
um novo parlamento de duas câmaras - a Assembleia Nacional (400 lugares) e o
Conselho Nacional de Províncias (90 lugares) -, assim como as assembleias
provinciais e regionais das nove províncias do país, em três boletins de voto.
Com um número recorde de
eleitores registados - mais um milhão do que em 2019 - e filas de espera desde
antes da abertura das assembleias de voto, o entusiasmo era visível entre a
população.
Embora os números oficiais
da participação ainda não tenham sido publicados, poderão ultrapassar os 66% de
2019.
A CEI tem sete dias para anunciar os resultados oficiais, mas espera-se que os divulgue no próximo domingo.ANG/Lusa
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