Saúde/Presidente do BAD diz que chega de mulheres em África a morrerem por cozinhar
Bissau, 29 mai 24 (ANG) - O
presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina,
afirmou hoje que “chega” de mulheres a morrerem em África enquanto cozinham,
devido às fontes de energia, anunciando a mobilização de 3.785 milhões de euros
para combater o problema.
“Nenhuma mulher e nenhuma criança deveria ter de morrer devido ao risco associado à inalação de fumo e a outros perigos, porque hoje em dia perdemos 300.000 mulheres por tentarem cozinhar uma refeição decente”, afirmou Akinwumi Adesina, ao intervir na sessão oficial de abertura dos encontros anuais do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que decorrem desde segunda-feira na capital do Quénia.
“Chega. Não se trata apenas
de acender um fogão, trata-se da própria vida. Trata-se de dignidade para as mulheres.
E trata-se de proteger o ambiente da desflorestação maciça e da dependência do
biocombustível, da biomassa, da lenha e do carvão vegetal”, acrescentou.
Sublinhou que “por gerações,
as mulheres em África têm suportado o peso dos riscos e as dificuldades
associadas ao ato de cozinhar” e que “nada poderia ser mais importante do que
garantir que 1,2 mil milhões de pessoas, a maioria das quais são mulheres em
África, tenham acesso a soluções de cozinha limpa”.
Nesse sentido, o Grupo BAD
promoveu nestes encontros a conferência “Cozinha Limpa em África" e
comprometeu-se a disponibilizar 2.000 milhões de dólares (1.846 milhões de
euros) “para soluções de cozinha limpa para as mulheres nos próximos 10 anos”.
“Estou muito satisfeito com
a Cimeira de Paris [14 de maio de 2024], angariou mais 2,1 mil milhões de
dólares [1.938 milhões de euros] em compromissos, elevando o total de
compromissos para a cozinha limpa para 4,1 mil milhões de dólares [3.785
milhões de euros]. Um feito histórico e um testemunho do poder das parcerias”,
apontou.
Na mesma intervenção, num
apelo perante dezenas de lideres globais reunidos em Nairobi, Akinwumi Adesina,
nascido na Nigéria há 64 anos, presidente do Grupo BAD desde 2015, deu o seu
próprio exemplo.
“Não comecei a usar óculos
porque fui para a universidade e fiquei inteligente. Comecei a usar óculos
porque, em criança, soprava carvão para dentro dos fogões. Mas a minha mãe,
quando comprou um fogão para o qual podemos ligar o gás, a chama era azul. Tive
de convidar os meus amigos para o verem”.
“Na verdade, estava a
ligá-lo por causa do cheiro, porque era muito diferente do cheiro que eu
costumava ter. Por isso, quando falamos de transições energéticas, esse é o
tipo de transição por que alguns de nós já passaram”, acrescentou.
O Grupo Banco Africano de
Desenvolvimento é a principal instituição africana de financiamento do
desenvolvimento e reúne-se em Nairobi até sexta-feira para debater "A
Transformação de África, o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento e a Reforma
da Arquitetura Financeira Global", prevendo a presença de 3.000
participantes, entre políticos, governantes, economistas e especialistas de
várias áreas, de todo o mundo.
Estes encontros incluem a
59.ª Reunião Anual do Conselho de Governadores do Banco Africano de Desenvolvimento
e a 50.ª Reunião do Conselho de Governadores do Fundo Africano de
Desenvolvimento, decorrendo no Centro Internacional de Conferências Kenyatta,
em Nairobi.
O Grupo BAD conta com 81
Estados-membros, entre 53 países africanos e 28 países fora do continente,
incluindo Portugal e Brasil.ANG/Lusa
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